BRASÍLIA – Imaginem um superior hierárquico dizer a um trabalhador, em pleno ambiente de trabalho: “Você tem uma cara de homossexual terrível”. Ou: “Pare de fazer pergunta idiota! Nasça de novo!” E ainda: “Cala a boca! Vocês são uma porcaria!” Imaginem um superior hierárquico divulgando a foto de uma trabalhadora e incitando ataques contra ela nas redes sociais. Ou fazendo insinuações de cunho sexual contra outra. O que aconteceria com ele?
Há um ponto para o qual ninguém atentou ainda nas sucessivas tentativas de intimidação de Jair Bolsonaro a jornalistas, sobretudo mulheres. Além do óbvio ataque à liberdade de imprensa vetado pela Constituição, o presidente negacionista comete assédio moral, ao humilhar e constranger trabalhadores em pleno exercício da profissão.
O assédio moral acontece quando um superior hierárquico utiliza sua função de forma intimidatória, expondo um trabalhador ou trabalhadora a situações vexatórias e depreciativas, de forma repetitiva. O assediador moral se comporta desta maneira durante a jornada de trabalho, quando a vítima está no exercício de suas funções.
Como presidente, Bolsonaro é o líder máximo da nação. A rigor, qualquer brasileiro está em posição hierarquicamente abaixo dele. Quando ataca repórteres que estão cumprindo suas funções no ambiente de trabalho, logicamente está assediando moralmente estes trabalhadores
Ora, como presidente da República, Bolsonaro é o líder máximo da nação. A rigor, qualquer brasileiro está em posição hierarquicamente abaixo dele, inclusive jornalistas. Quando o presidente ataca repórteres que lhe fazem perguntas, ou seja, que estão no ambiente de trabalho cumprindo suas funções, logicamente está assediando moralmente estes trabalhadores.