GRANDE ILHA – Um mergulho durante um fim de semana no rio Una, em Morros, 98 km de São Luís, mudaria a vida do estudante Josué Silva Pontes, 19. Ao fraturar a vértebra cervical, o garoto perdeu os movimentos e começaria um calvário que teve, recentemente, um capítulo feliz para o seu estado de saúde e de ânimo. O jovem voltou a falar depois de um ano e quatro meses, ao se submeter a uma cirurgia de laringotraqueoplastia no Hospital Universitário da UFMA, filiado a Rede Ebserh.
O procedimento é realizado em casos em que o paciente apresenta estenose de traqueia provocada por longos períodos de intubação, que pode ser feita através do nariz, boca ou na região cervical (traqueostomia). Esses tubos, posicionados dentro da laringe e traqueia, muitas vezes irão gerar um processo cicatricial na região interna podendo evoluir para uma estenose (fechamento da luz – orifício interno).
Depois de deixar a UTI, Josué já saiu falando e respirando normalmente. “Recuperar a fala para mim é um alívio, uma alegria muito grande. Agora, quero ganhar mais movimento para ficar mais independente”, anima-se. Ele já pensa em voltar aos estudos, interrompidos pelo acidente no primeiro ano do ensino médio.
Assim como Josué, Marcelo Valentin, 31, natural de Lagarto (SE), que mora há dois anos em Coroatá, 247 km de São Luís, também passou pelo mesmo procedimento e recuperou a fala depois de quatro anos. Antes, peregrinou por muitos hospitais por conta de um acidente de carro que quase lhe tirou a vida. Teve alta há poucos dias e se recupera bem. “É bom demais voltar a falar, estou muito feliz, era difícil me comunicar”, diz o vaqueiro.
Os dois casos estão entre os primeiros atendidos no ambulatório de cirurgia de traqueia do HU-UFMA depois da sua modernização. O espaço conta com equipamentos de primeira linha para a realização de procedimentos pré-operatórios como a broncoscopia e a tomografia. Além de outros equipamentos como os dilatadores de traqueia, o broncoscópio rígido, as pinças de biópsia e todo o material necessário para um atendimento de ponta. “O serviço está apto a fazer todo tipo de estenose, simples ou complexa”, explica o cirurgião Elias Amorim, que lidera a equipe do ambulatório.
A equipe multiprofissional que compõe o quadro do serviço é formada por quatro cirurgiões torácicos, fisioterapeuta, enfermeiro e técnicos de enfermagem. O Centro Cirúrgico e a enfermaria dispõem de leitos próprios para a especialidade.
A traqueia é um órgão do aparelho respiratório, que possui o formato de um tubo vertical cilíndrico, cartilaginoso e membranoso, localizado entre a laringe e os brônquios. A função da traqueia no sistema respiratório é a condução do ar até os brônquios.
A estenose da traqueia é um estreitamento traqueal, o que dificulta a passagem de ar aos pulmões, e em casos mais graves pode gerar grave insuficiência respiratória (falta de ar).
BNC Cidade