O RIO DE JANEIRO – O mapa de votação do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em sua terceira vitória em disputas presidenciais, evidenciou padrões geográficos já observados em pleitos anteriores, mas também apontou para novas tendências no comportamento do eleitorado pelo país. É o que mostra um levantamento feito pelo GLOBO, que comparou o percentual de votos recebidos por Lula em três momentos: quando foi eleito pela primeira vez, em 2002, quando foi reeleito, em 2006, e o pleito do último domingo.
Na comparação com o resultado do segundo turno de 2006, Lula teve percentual de votos válidos maior no último domingo principalmente em cidades de Sergipe, Piauí e da Paraíba, mas também em um terço dos municípios paulistas e gaúchos. Nas cidades de São Paulo e Porto Alegre, o candidato do PT havia sido derrotado, há 16 anos, pelo hoje vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), então presidenciável do PSDB. O pleito deste ano significou, portanto, uma retomada local de Lula.
O petista atingiu pouco mais de 53% dos votos válidos nas duas cidades, resultado próximo ao de 2002, ante 44,2% em Porto Alegre e 45,2% em São Paulo, em 2006.
Apoio em queda
Os dados apontam, por outro lado, que Lula recuou mais em cidades do Rio de Janeiro, Espírito Santo e em parte do estados da Região Norte, com destaque para Amazonas e Rondônia. Em comum, todos estão entre os dez estados com maior proporção de evangélicos, segundo o Censo de 2010. Em relação a 2006, Manaus foi a cidade do país em que Lula mais perdeu proporcionalmente votos. Se o petista teve 87,3% dos votos na capital amazonense em 2006, no domingo passado, atingiu apenas 38,7% do total. No ranking de dez cidades com maiores perdas de Lula, oito são do estado do Rio. O recuo foi mais intenso em Belford Roxo (-44,8 pontos percentuais), Queimados (-43,9) e Magé (-43,9).
— Vemos, no quadro nacional, o PT, a esquerda, recuperando terreno no Rio Grande do Sul e em São Paulo, onde historicamente é mais organizada. O contrário é observado no Rio, onde está mais fragmentada, não tem capilaridade com prefeitos e não consegue avançar em um eleitorado com perfil mais evangélico — avalia o cientista político e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Josué Medeiros.
fFonte O Globo
BNC Brasil