SÃO PAULO – Monteiro foi subordinado do ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso, que pediu demissão da estatal nesta sexta-feira 1º após pressões por sua saída em meio à greve dos caminhoneiros.
Desde o início do movimento, em 21 de abril, Parente passou a ser criticado por integrantes da base do governo e da oposição por sua política de preços que impõe ao mercado interno a flutuação da cotação internacional dos combustíveis, que disparou nos últimos meses. Petroleiros em greve também defenderam sua demissão.
Relatos da mídia indicam que Monteiro apenas aceitaria o cargo se o governo garantisse não interferir na estratégia atual da empresa. No pronunciamento, Temer falou que não haverá qualquer interferência na política de preços da companhia.
O próprio Parente já recuara da política de preços original, ao conceder um desconto no diesel e passar a corrigir os valores mensalmente, e não mais diariamente. Dentro do governo, havia pressão para que houvesse menos intransigência na definição dos preços. Titular de Minas e Energia, Moreira Franco teria sido um dos que pediram recuos na política.
Independentemente do caminho a ser seguido, Ivan Monteiro demonstra resistir a mudanças profundas. Na Petrobras desde 2015, ele foi convidado por Parente a permanecer no cargo após o impeachment de Dilma Rousseff e tornou-se seu braço-direito ao comandar o programa de venda de ativos da estatal.
Engenheiro de formação, Monteiro fez carreira no Banco do Brasil. Em 2009, chegou à vice-presidência de Finanças, Mercado de Capitais e Relações com Investidores da instituição.
Ele foi nomeado pelo então presidente do BB, Aldemir Bendine, que também o levaria para a Petrobras em 2015 ao assumir o comando da estatal de petróleo. No banco, Monteiro foi celebrado por uma reestruturação societária que envolveu operações bem-sucedidas e trouxeram capital para a instituição. Ele também teve papel no resgate do Banco Votorantim, que envolveu o corte de 40% dos funcionários.
Bem visto pelo “mercado”, Monteiro era elogiado pelos agentes financeiros até quando seu chefe era criticado. À época da nomeação de Bendine para o comando da Petrobras, o mercado reagiu negativamente ao nome escolhido por Dilma Rousseff, mas elogiou a indicação de Monteiro para a diretoria financeira da estatal.
Bendine foi preso, suspeito de receber 3 milhões de reais da Odebrecht em troca de favores à empreiteita em contratos com a Petrobras. Ele nega a acusação. Monteiro não teve seu nome envolvido no esquema.
O novo presidente da estatal resistiu à queda de Bendine e ficou no cargo a convite de Parente. Sob a gestão ex-ministro de FHC, Monteiro perseguia uma meta de desinvestimentos na Petrobras de 21 bilhões de dólares para o biênio 2017-2018. No início do ano passado, ele afirmou que a empresa tinha uma carteira de ativos de 42 bilhões de reais que podiam ser vendidos.
Com Informações da Carta Capital
BNC Política