Onyx foi covarde ao demitir ex-deputado, diz líder do PSL

BRASÍLIA – A demissão do ex-deputado Manato (PSL-ES) de uma secretaria da Casa Civil estremeceu a relação entre o ministro Onyx Lorenzoni e a bancada do PSL na Câmara. Para o líder do partido do presidente, Delegado Waldir (GO), o ministro agiu com covardia, autoritarismo e deselegância ao demitir o auxiliar por telefone na última sexta-feira.

“Foi deselegante e covarde. Demitir por telefone não é uma forma justa de governar. Manato não fez nada de errado. É um parceiro de primeira hora do presidente, um dos oito deputados que vieram para o PSL para apoiar Bolsonaro ano passado”, disse o deputado ao Congresso em Foco. “Não posso dizer o que está por trás da demissão, mas o que está na frente. Manato sempre foi parceiro fiel do nosso presidente e não poderia ser defenestrado dessa forma”, acrescentou.

Procurado pela reportagem, o ministro disse que não comentaria as declarações de Waldir.

O ex-deputado capixaba era secretário especial para a Câmara. Tinha entre suas atribuições fazer a interlocução com deputados e a Casa Civil. Com ele trabalhavam outros três ex-parlamentares: Victório Galli (PSL-MT), Marcelo Delaroli (PL-RJ) e Keiko Ota (PSB-SP). Eles também foram exonerados na última segunda-feira (10). O governo, por enquanto, não cogita substituí-los. “O Delaroli foi um dos quatro deputados que votaram em Bolsonaro para presidente da Câmara em 2017”, ressaltou o líder do PSL.

Delegado Waldir também acusa Onyx de aparelhar a Casa Civil. Para o lugar de Manato, o ex-ministro escolheu o também ex-deputado Abelardo Lupion (DEM-PR), seu compadre e ex-companheiro na bancada ruralista. “O DEM está extremamente aparelhado. Nós ajudamos a eleger o presidente da Câmara. O PSL foi decisivo. O ministro deveria ter sensibilidade e dialogar, porque política não se faz com decisão autoritária e desrespeito”, reclamou.

O líder do PSL também ironizou a articulação política do governo, conduzida pelo ministro da Casa Civil. “O Onyx acha que está perfeita. Ela existe? O governo tem base? Quem cuida disso é a Casa Civil. Eles que têm de responder por isso.”

Procurado pelo Congresso em Foco, Manato evitou polemizar e disse que sua saída da secretaria é assunto superado. “Estava sobrecarregado de atividades, sou presidente do Conselho de Administração do Sebrae e do PSL no Espírito Santo. Já estava querendo sair. Conversei com o Onyx, saí numa boa”, afirmou. O ex-secretário não quis comentar as declarações de Waldir sobre um eventual aparelhamento do governo pelo DEM.

A atuação de Onyx à frente da articulação política tem sido criticada por líderes partidários, que não veem nele habilidade nem espírito agregador para conduzir as negociações com o Congresso. Qualidades que eles têm atribuído ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), considerado hoje o principal articular político do governo e com quem o ministro mantém relação conflituosa, apesar de serem do mesmo partido.

A criação de secretarias especiais na Casa Civil para estreitar a relação com a Câmara e o Senado foi uma ideia do próprio Onyx, que convenceu o presidente Jair Bolsonaro a encampar o novo modelo. A ponte com o Senado é feita pelo senador Paulo Bauer (PSDB-SC), que também ocupa cargo de secretário especial. Todos os indicados para essas funções têm em comum o fato de terem sido derrotados nas eleições do ano passado.

A estratégia, porém, não deu certo, a julgar pelas últimas decisões do chefe da Casa Civil. “Onyx montou essa estrutura, mas não deu autonomia a esses assessores, concentrou tudo nele. Isso só aumenta a insatisfação dos parlamentares, porque ele promete resolver as demandas, mas não resolve”, reclamou um líder aliado de Bolsonaro que pediu para não ser identificado.

Com Informações do Congresso em Foco

BNC Política

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