GRANDE ILHA – O Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA), por meio da Divisão de Enfermagem da Unidade Materno Infantil, adotou um modelo assistencial que visa a qualidade e segurança do paciente, por meio do cuidado completo, individualizado e contínuo. A prática, intitulada “enfermeiro de referência”, é advinda do modelo norte-americano Primary Nursing (PN) e nela os enfermeiros são orientados a atender às necessidades do paciente em seu trabalho, em vez de realizar tarefas específicas em determinadas estruturas funcionais.
A adaptação seguiu as seguintes etapas: sensibilização e treinamento da equipe de enfermagem; divisão dos profissionais de acordo com as especialidades; divisão dos enfermeiros em referência e associado; apresentação interna de trabalhos pelos enfermeiros; e aplicação do modelo nas unidades. Discutida desde 2016 pelos profissionais de enfermagem Tereza Rachel Alencar, Araceli Fontenele, Danilo dos Santos, Tamires Cavalcante, Ana Selma Ribeiro e Kezia Santos, a proposta começou a ser trabalhada em 2017, com cursos, reuniões e oficinas de capacitação destinadas aos enfermeiros e técnicos do hospital.
Tereza Rachel Gomes Alencar, chefe da Divisão de Enfermagem do HU-UFMA, explica como se dá o modelo. “A clínica cirúrgica do Dutra foi a unidade piloto desse trabalho. O modelo foi adaptado para nossa realidade, fazendo com que a mesma equipe de enfermagem se responsabilizasse pelo paciente da internação até a alta. Nesse caso, o profissional é o responsável por planejar os cuidados, acompanhar as discussões com a equipe multiprofissional e estar próximo, ouvindo as demandas e necessidades do paciente”.
Esse contato constante estimula a criação de vínculos, fortalece o relacionamento enfermeiro-paciente e faz com que o mesmo se sinta mais confortável para queixar-se de alguma dor ou irritação. Cada enfermeiro fica com aproximadamente 6 pacientes, formando um grupo de atenção dirigida. Semestralmente são realizados estudos de caso para divulgação e avaliação do procedimento.
O coordenador da Comissão de Sistematização da Assistência de Enfermagem (COMSAE) do HU-UFMA, Danilo dos Santos, destaca as vantagens desse tipo de assistência. “Para o usuário, logo de imediato, ele terá aquele enfermeiro que será sua referência para qualquer necessidade dentro da instituição – seja em relação ao cuidado, ou no aspecto social, espiritual, etc. Então, serve para estreitar esse vínculo, fortalecendo também o elo entre o usuário e toda a equipe multiprofissional, garantindo uma maior interação, comunicação, com o usuário e sua família”.
Araceli Fontenele, assessora da Divisão de Enfermagem do HU-UFMA, diz que a expectativa da equipe é expandir o modelo para todas as unidades com características semelhantes. “A qualidade é uma das frentes que estamos trabalhando durante o período de matriciamento pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a pretensão é expandir para as unidades de cuidados intensivos e de internação. Em dezembro, queremos fechar com cinco das dez unidades e, até o final de 2020, queremos ter 100% das unidades assistenciais de internação, já implantadas com esse modelo”.
Pollyanna Bezerra, enfermeira de referência da clínica cirúrgica, enfatizou os efeitos do modelo em sua unidade. “Contribuiu bastante em vários aspectos, tanto no organizacional (planejamento, redimensionado de pacientes para os técnicos, relação enfermeiro-paciente), como no emocional. Eles dividem mais suas inquietações. No modelo tradicional, não tinha como ir mais a fundo no problema do paciente, a atenção era dividida com os serviços administrativos, burocráticos, de gerenciamento. Com o enfermeiro de referência, podemos estudar mais o paciente, entender suas particularidades e questionamentos pessoais. Além disso, esse serviço criou uma autonomia e isso ocasiona uma maior identidade do enfermeiro na unidade”.
O modelo assistencial resultou na criação de um artigo, publicado na Revista de Enfermagem da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE online, denominado por ‘Implantação do modelo enfermeiro de referência em um Hospital Universitário’, relatando a experiência dos profissionais de saúde, métodos utilizados, resultados obtidos, discussão e conclusão do estudo, que pode ser acessado no link https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/236542/31173
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