ARTIGO
Desde que a pandemia começou no Brasil, e chegou ao Maranhão, a UFMA tem tentado fazer o máximo que pode para ser útil à população e, ao mesmo tempo, proteger a sua comunidade, em São Luís e nos oito municípios onde está instalada – para quem não sabe ou não lembra, vale a pena registrar: estamos, com campus, em Imperatriz, Grajaú, Balsas, Bacabal, Codó, Chapadinha, São Bernardo e Pinheiro; 40 anos já pelo interior do Maranhão…
Nesse percurso de ações contra a COVID-19, já decretamos suspensão do calendário acadêmico, por duas vezes; já produzimos máscaras profissionais hospitalares e álcool glicerinado 80% para atender ao HU-UFMA; já treinamos centenas e centenas de profissionais para o enfrentamento direto da doença (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, auxiliares de enfermagem e muitos outros do campo da saúde) que, no HU-UFMA, dão o combate diário, em UTIs e enfermarias; já preparamos docentes de várias áreas para o uso dos recursos da educação a distância, no caso de ser essa modalidade adotada em algum momento deste processo de crise; já demos assistência aos nossos estudantes moradores das casas de estudante, possibilitando que eles e elas fossem para casa, com transporte e auxílio financeiro; já fizemos dezenas e dezenas de vídeos, matérias, programas de rádio, entrevistas, cards e lives para Instagram, Twitter e Facebook, para bem informar a sociedade como um todo; já divulgamos muitas ações de professores, alunos e técnicos que estão ajudando a mitigar o isolamento social. Enfim, estamos nos virando como podemos para não ficarmos à margem desta crise, que nos afeta a todos e cobra da universidade uma posição pró-ativa, em todos os seus setores e de todos os seus membros.
E uma dessas ações de enfrentamento que estamos fazendo, para mim, tem um significado especial. É o projeto “Máscaras pela Vida”. Ele surgiu assim: em uma dada reunião de gestão, o reitor, prof. Natalino Salgado, pediu à pró-reitora de Extensão e Cultura, profa. Zefinha Bentivi, que pensasse em alguma coisa para ajudar as comunidades do entorno da UFMA em São Luís. Alguns dias depois, ela apresentou este projeto.
Em que consiste ele, então? A ideia era reunir costureiras dos bairros que circunvizinham o campus do Bacanga e permitir, com a doação de insumos e o oferecimento de espaço na própria UFMA, além de alguns equipamentos, que elas pudessem produzir máscaras caseiras, essas máscaras que a gente usa para ir ao mercado, à farmácia. Elas produziriam e venderiam, a preço simbólico, para a população. Zefinha também articulou com as empresas que estão instaladas na área Itaqui-Bacanga que elas pudessem, num gesto solidário e responsável, comprar lotes de máscaras para doar às pessoas, levando renda às costureiras e saúde aos moradores. E assim se fez.
O projeto está em pleno funcionamento. As costureiras estão produzindo lotes de máscaras, que estão sendo compradas por pessoas físicas e jurídicas e distribuídas a todos. Nesse exato momento em que estamos, quando a cidade se encontra em lockdown, ter uma máscara faz toda a diferença…
Trata-se de uma ação que, mesmo que não alcance toda a população do entorno da UFMA (porque ali se têm dezenas de milhares de pessoas), fará uma imensa diferença àquelas que alcançar. E a UFMA dá mais uma prova do seu compromisso social e do valor das relações comunitárias.
Zefinha Bentivi, para quem a conhece, é pessoa ideal para ter pensado este projeto, pelo senso de reconhecimento do outro que a acompanha em toda a sua trajetória. Eu a conheço há 29 anos e conheço muitas pessoas que a conhecem. E não perece ser apenas a minha opinião…
Há alguns anos, li num livro desses de autoajuda, a seguinte história: houve um incêndio na floresta e os animais correram para longe, desesperados. De repente, avistaram um beija-flor que voava das chamas para o rio. Pegava a água no rio com o seu pequeno bico e despejava nas chamas. O leão viu aquilo e o repreendeu, dizendo que ele não iria conseguir nada com essa atitude. Resposta do beija-flor: “Posso até não conseguir apagar o fogo, mas estou fazendo a minha parte…”.
Fosse essa pequena parábola trazida para o âmbito da UFMA, e poderíamos chamar este passarinho de outro nome…
MARCOS FÁBIO BELO MATOS
Jornalista, professor dos cursos de Jornalismo e Pedagogia do CCSST e vice-reitor da UFMA