GRANDE ILHA – A agente comunitária de saúde Maria da Graça Oliveira Pereira, 56, moradora do povoado Itamatatiua, em Alcântara, chegou cedo no sábado, 16, a escola municipal Eurico de Jesus para a ação de saúde que o Hospital Universitário da UFMA realizava em alusão ao dia Mundial do Rim, comemorado em todo o mundo no dia 14 de março. Na comunidade, formada por remanescentes quilombolas, um grupo de profissionais e estudantes de medicina, enfermagem e nutrição prestava atendimento aos moradores oferecendo serviços como aferição de pressão, glicemia capilar, orientação multidisciplinar, avaliação do IMC e antropometria.
Mão de três filhós e avó de dois netos, Maria da Graça sabe bem a importância que ações preventivas representam para manter uma vida mais saudável. Sofrendo com diabetes, pressão e colesterol alto, ela viu suas taxas caírem com a prática de atividades físicas como a caminhada e aulas de zumba. “Aproveitei para checar como estão as minhas taxas, é uma ótima oportunidade, não podia perder”, diz a agente de saúde. O posto de saúde mais próximo fica na localidade Raimundo Su, cerca de 40 km do povoado de Itamatatiua.
O nefrologista Dyego Britto, chefe da Unidade do Rim do HU-UFMA, ressalta que o objetivo do dia Mundial do Rim é informar ao maior número de pessoas sobre os fatores de risco e a prevenção da Doença Renal Crônica – DRC. “A prevalência da DRC tem aumentado, então há uma necessidade urgente de que medidas de prevenção sejam adotadas. Recomendamos que, pelo menos uma vez por ano, todos façam uma avaliação do funcionamento do rim”.
Com 1,53m e 126 quilos, Cecília de Jesus Carvalho, 73, conhecida por Ceci, foi procurar o médico para “ele passar um remédio para a dor nos quartos”. Ela se queixa da dificuldade de andar e fazer o seu trabalho de ceramista por conta do inchaço nas pernas. “Mas, mesmo assim eu faço”, conta, acrescentando que já tomou muito remédio do mato, como chá de vinagreira, para emagrecer. O caso da artesã reúne vários fatores de risco para a prevalência da doença renal crônica e, se não tratado adequadamente, pode resultar no comprometimento irreversível dos rins.
A superintendente do HU-UFMA, Joyce Santos Lages, presente ao evento, explicou o porquê da escolha por Itamatatiua para alvo da ação. “O HU-UFMA já desenvolve um projeto de pesquisa e extensão com a população quilombola de Alcântara, o PrevRenal. Mas ainda não tinha alcançado a comunidade de Itamatatiua. Esta ação também é motivada pelo trabalho de pesquisa com as ceramistas desenvolvido pelo arqueólogo e professor daUFMA, Arkley Bandeira. Então, é uma extensão desse trabalho de assistência à comunidade quilombola”, explicou.
Coordenado pelo ex-reitor da UFMA Natalino Salgado, que também participou da ação em Alcântara, o PrevRenal alcançou comunidades quilombolas do município que apresentavam fatores de risco cardiovascular e renal. Em um estudo que durou nove meses com cerca 1.500 habitantes da região, 400 foram destacados para os exames em São Luís. Os pacientes foram encaminhados ao HU-UFMA para realizarem os procedimentos de imagem (tomografia de abdômen, exames cardiológicos e de carótida). “Além de prestar um serviço de grande utilidade para uma população carente de serviços de saúde, essa ação do HU-UFMA reforça o papel social da universidade pública e o seu compromisso com melhoria da qualidade de vida da população, bem como o fortalecimento do ensino, pesquisa e extensão na UFMA”, disse o professor, também nefrologista.
Participaram ainda das atividades, os nefrologistas Erika Carneiro e Dyego Britto, a enfermeira Elizangela Milhomem dos Santos, a nutricionista Isabela Calado, o arqueólogo e coordenador do Observatório Cultural do Maranhão vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da UFMA – PGCULT, professor Arkley Bandeira e o chefe do Setor de Gestão de Processos e Tecnologia da Informação do HU-UFMA, Anílton Maia. A programação alusiva ao Dia Mundial do Rim é desenvolvida em todo o Brasil com a chancela da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). No HU-UFMA, é conduzida por profissionais e residentes da Unidade de Nefrologia e do Centro de Prevenção de Doenças Renais do HU-UFMA, em parceria com os acadêmicos das Ligas de Hipertensão Arterial (LHA) e de Afecções Renais (LARe).
O Hospital Universitário possui um moderno Centro de Prevenção de Doenças Renais que tem como objetivo oferecer à população maranhense um atendimento diferenciado no que diz respeito às diversas patologias renais, observando causas tratáveis e preveníveis da doença. Conta com uma equipe multiprofissional formada por nefrologistas, endocrinologistas, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, farmacêuticos, educadores físicos e nutricionistas que atendem de segunda a sexta-feira, nos turnos matutino e vespertino.
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