A oficina reúne profissionais da vigilância epidemiológica e atenção primária das Unidades Regionais de Saúde (URS), dos municípios da Região Metropolitana, de unidades de referência e do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI-MA).
Durante a abertura do evento, a secretária adjunta da Política de Atenção Primária e Vigilância em Saúde da SES, Deborah Campos, disse que a estratégia tem como principal objetivo sensibilizar profissionais e municípios sobre o combate à subnotificação.
“Nós temos uma população que merece o nosso olhar e a nossa integração enquanto setor Saúde, que venham a cumprir a política pública de eliminação dessas doenças em nosso território. O Maranhão tem dupla identidade, pois estamos no Nordeste, mas também compomos a Amazônia Legal. O nosso território é vasto e a população é diversa em suas culturas e particularidades, com a presença de indígenas, ribeirinhos, população cigana e albina, além de maioria, com mais de 86%, de pardos e pretos. Logo, o nosso desafio é fazer com que a atenção primária chegue realmente onde tem que chegar e que seja de maneira eficaz”, afirmou a secretária adjunta Deborah Campos.
Para o assessor técnico do Departamento de Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde, Felipe Pierezãn, ao fortalecer os estados, fortalece-se também os municípios. “O Ministério da Saúde tem um programa chamado ‘Brasil Saudável – Unir para Cuidar’, que visa a eliminação de algumas dessas doenças, cuja maioria a gente abrange na oficina. Neste sentido, trouxemos a iniciativa em conjunto ao território para que façamos uma construção coletiva de um plano de ação, abordando estratégias de combate que tenham durabilidade de cinco anos”.
A Oficina de Qualificação Contínua para o Diagnóstico de Doenças Endêmicas no Maranhão é uma iniciativa estratégica que visa fortalecer as capacidades locais de vigilância, diagnóstico precoce e resposta às doenças transmissíveis de maior impacto no estado, tais como a doença de Chagas, esquistossomose, hanseníase, leishmaniose tegumentar e visceral, malária e geo-helmintíases.
Na programação, os participantes discutirão assuntos como “Situação Epidemiológica das Doenças Endêmicas no Maranhão”, “Descentralização do Diagnóstico: Estratégias e Avanços do SUS”, “Determinantes Socioambientais das Endemias: Perspectiva Ecoepidemiológica”, “Fortalecimento da Rede de Atenção à Saúde com Foco nas Doenças Endêmicas”, entre outros.
De acordo com a coordenadora do núcleo de Vigilância Epidemiológica da Unidade Regional de Saúde (URS) de Açailândia, Lindoraci da Silva, todos os agravos discutidos na oficina podem ser encontrados na Macrorregião Sul. “É uma iniciativa muito boa, porque é uma preparação para uma descentralização. E tudo que é descentralizado a nível regional, a nível de estado, reflete diretamente nos territórios, porque é o serviço e acesso à informação, o que facilita o trabalho dos servidores e das equipes técnicas. Estamos de braços e mãos dadas, atentos para que realmente se consolide, porque isso fará diferença na implantação e implementação nos territórios”, pontuou.
A biomédica e coordenadora do laboratório do Hospital Presidente Vargas, Caciara Araújo, comentou que a oficina também serve como oportunidade de atualização. “É importante a equipe do hospital estar atualizada no que diz respeito a esses agravos no qual nós somos referência, que é a leishmaniose visceral e a malária. Isso vai contribuir de forma significativa para o que a gente está fazendo, uma vez que vamos poder ser multiplicadores junto aos profissionais de outras equipes, contribuindo com a atualização não só do laboratório, mas da assistência como um todo”.
A oficina também marca o início do Plano de Ação para a Qualificação Diagnóstica das Doenças Endêmicas, uma medida estratégica que visa fortalecer as capacidades locais de vigilância, diagnóstico precoce e resposta.
“Esse plano de ação, ele inicia agora com a oficina e vai com metas até 2030, corroborando com os objetivos do desenvolvimento sustentável, com relação às doenças que são determinadas socialmente, bem como dos indicadores que nós precisamos alcançar. Uma das formas de se reduzir doenças, e a letalidade delas, é justamente o diagnóstico precoce. Assim, se tratarmos o paciente rapidamente, ele deixa de ser uma fonte de infecção e assim evitamos novos casos e também surtos no território”, enfatizou a chefe do Departamento de Epidemiologia da SES, Monique Maia.
O cenário das doenças endêmicas é agravado, principalmente, pelas desigualdades socioeconômicas e vulnerabilidade de populações residentes em áreas rurais e hiper urbanas, frequentemente distantes da atenção integral à saúde. Além disso, fatores estruturais como saneamento precário, barreiras geográficas e urbanização desordenadas, favorecem a persistência e a transmissão dessas enfermidades.