RIO DE JANEIRO – Esquema quimioterápico, risco psicológico, dificuldade de compreensão e organização e desconhecimento dos medicamentos utilizados rotineiramente são fatores de alto risco para quimioterapia tardia no tratamento do câncer de mama. A conclusão foi comprovada pela Pesquisa desenvolvida por uma equipe multidisciplinar do Grupo Oncoclínicas no Rio de Janeiro e apresentada na Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco) 2020 – um dos eventos mais importantes da oncologia contemporânea global.
No estudo, que reforça a necessidade de um cuidado especial com essas pacientes durante o tratamento, foram avaliadas 81 mulheres com idade média de 58 anos e em fase final de tratamento. Colhidos entre julho de 2018 e julho de 2019, os dados mostram que 55 pacientes (67,9% do total) receberam quimioterapia adjuvante.
“Os critérios de risco clínico avaliados na pesquisa foram idade, uso de antracíclicos, presença de sintomas de grau 3, Avaliação Subjetiva Global Produzida pelo Próprio Paciente (ASGPPP) para risco nutricional, risco psicológico para problemas preexistentes ou induzidos pelo tratamento e Indicador de Risco Psicológico em Oncologia (IRPO) para triagem, avaliação de enfermagem para questões de comunicação, organização e compreensão, além de avaliação farmacológica de polifarmácia e o desconhecimento de medicamentos de uso rotineiro.
A conclusão foi que o tratamento quimioterápico, o impacto psicológico de enfrentamento da doença, a dificuldade de organização e o desconhecimento dos medicamentos utilizados no dia a dia foram fatores de alto risco para atraso no tratamento de quimioterapia, uma vez que podem alterar ou piorar a resposta ao tratamento”, explica a oncologista do Grupo Oncoclínicas, Juliana Ominelli.
A médica destaca como ganho do estudo um tratamento ainda mais personalizado e assertivo: “O benefício para paciente é um tratamento mais individualizado. Dessa forma, quem precisa de mais ajuda para se organizar ou de mais apoio psicológico vai ter seu tratamento direcionado. Não vamos mudar o protocolo prescrito ou o modo de vida do paciente, mas daremos mais atenção à paciente que apresente um desses critérios tidos como de risco”, garante Ominelli.
A metodologia da pesquisa, direcionada inicialmente a pacientes com câncer de mama, foi ampliada ao estudo de outros tipos de câncer. “Esses dados foram obtidos com pacientes com câncer de mama e, após o sucesso da aplicação da pesquisa, expandimos para todos os pacientes em tratamento na clínica”, ressalta a médica.
A pesquisa foi assinada por Juliana Ominelli (oncologista), Monica Santos (nutricionista), Ana Paula Coutinho (nutricionista), Natalia Gil (psicóloga), Alessandra Silva (psicóloga), Maria Carolina Fernandes (farmacêutica).
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