GRANDE ILHA – Técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e da Superintendência de Infraestrutura da Universidade Federal do Maranhão (Sinfra-UFMA) visitaram o Palácio das Lágrimas para uma avaliação das condições físicas e estruturais do local. A intenção é catalogar o que precisa ser feito para reforma e restauração da edificação.
“Como o IPHAN está fazendo um projeto de revitalização do prédio, nós realizamos uma visita técnica para avaliar o estado em que se encontra. Foi observado que tem muito lixo, então vamos organizar um mutirão de limpeza da área, resguardar peças históricas que serão acondicionadas de forma adequada aqui mesmo na Sinfra, enquanto as obras estiverem sendo realizadas, retornando quando o local estiver pronto para abrigá-las de volta”, explicou o diretor de Planejamento e Controle da Sinfra, Geovane Bezerra Jr.
O Palácio das Lágrimas é de propriedade da Universidade Federal do Maranhão e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, como patrimônio de toda a sociedade. No passado, abrigou a Faculdade de Farmácia e Odontologia da UFMA e os planos futuros é que ele volte a ser utilizado pela Universidade, desta vez para receber o curso de Música.
“As obras ainda não começaram, estamos na fase das avaliações para decidir o que precisa ser feito, orçar a obra e licitar a empresa que vai atuar. A parceria entre UFMA e IPHAN vai ser vital para a realização do projeto, o qual o IPHAN ficará responsável por toda a elaboração, fachada e restauração, já a UFMA, por meio da Sinfra, atuará na parte da estrutura e levantamento do telhado”, finalizou Bezerra Jr.
A UFMA deve fazer a catalogação das peças históricas e, em seguida, entregar a listagem ao IPHAN para que façam a seleção do que será mantido, restaurado ou recolhido para guarda. O projeto ainda não possui um orçamento e nem data fixada para iniciar.
“O Iphan tem uma grande parceria com a UFMA, sobretudo na revitalização de imóveis que a Universidade tem no Centro Histórico de São Luís e, nesse prédio especificamente, o Palácio das Lágrimas, faremos todos os ajustes para darmos início à obra, tendo como primeiro passo um levantamento arquitetônico e de bens móveis e integrados existentes no imóvel para adequar o projeto à nova intervenção”, destacou o superintendente do IPHAN Maranhão, Maurício Itapari.
Conheça a história e lendas do Palácio das Lagrimas
O Palácio das Lágrimas foi construído no início do século XIX e foi demolido no final do mesmo século, dando lugar a um prédio para abrigar um instituto de ensino superior, o que nunca aconteceu porque o seu idealizador, Joaquim Manuel de Sousa Andrade (o poeta Sousândrade), morreu antes de ver o sonho realizado. Outra versão é a de que o prédio era para abrigar a Escola Modelo Benedito Leite, que ali funcionou por algum tempo e depois foi para um prédio maior, na Praça de Santa Antônio, onde até hoje funciona. Ali passou a funcionar a Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade Federal do Maranhão.
Recebeu este nome graças à lendas e histórias que até hoje permeiam o imaginário popular. Mário Meireles, no seu livro São Luís-Cidade dos Azulejos, consta que a denominação Palácio das Lágrimas foi porque ali morava um homem de boas posses, e que mantinha no terceiro andar daquele prédio um harém formado por suas jovens escravas e, entre elas, uma se sobressaia pela beleza escultural por quem escravo se apaixonara. Este não foi correspondido, e tramou um crime terrível, envenenando os dois filhos do senhor e escondendo o vidro com restos do veneno nos pertences da bela escrava, que assim foi acusada de homicídio e condenada à morte por enforcamento. Ao sair do prédio para ser levada à forca montada na esquina da Rua da Paz, chorava copiosamente que seu pranto molhou os degraus da escada do sobrado. Conta a lenda que desde então, todas as manhãs os degraus amanheciam molhados e no imaginário popular, eram as lágrimas da escrava injustiçada.
Já o escritor Jomar Moraes, no seu livro Guia de São Luís do Maranhão, narra que a principal lenda fala de dois irmãos portugueses que resolveram “fazer a América”, e vieram ter ao Maranhão. Um deles, Jerônimo de Pádua, comerciante, enriqueceu bastante, enquanto o outro jamais conseguiu sair da pobreza. Cheio de inveja do rico, o irmão pobre concebeu o plano de assassiná-lo, com a finalidade de herdar-lhe a grande fortuna, pois o irmão rico não tinha herdeiros legítimos, vivendo amasiado com uma escrava, com quem teve vários filhos. Informado de quem fora o verdadeiro assassino do seu pai, um dos filhos, indignado, tomou o tio e, de uma das janelas, arremessou-o violentamente à rua, provocando-lhe a morte. Por ser escravo, foi condenado à morte na forca. Em direção ao seu destino, o condenado proferiu, como últimas palavras esta frase: Palácio que viste as lágrimas derramadas por minha mãe e meus irmãos, daqui por diante, serás conhecido como Palácio das Lágrimas.
Fonte: DCOM/UFMA
Foto: DCOM/UFMA