BRASÍLIA – Subiu para 111 o número de mortes em decorrência da pandemia de coronavírus no Brasil, informou neste sábado (28) o Ministério da Saúde. O número de confirmados já chega a 3.904.
Nas últimas 24 horas encerradas às 15h, 487 novos casos foram confirmados, alta de 14% de em relação ao dia anterior.
Das vítimas fatais, 90% são idosos e 84% apresentavam pelo menos um fator de risco, segundo o ministério.
Em entrevista coletiva, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que o país está enfrentando dificuldades para comprar equipamentos de proteção individual (EPIs) e defendeu uma regulamentação desse mercado, bem como as medidas de isolamento social.
“É mais uma razão para que a gente fique em casa parado até que a gente consiga colocar os EPIs nas mãos dos profissionais da saúde”, afirmou, emendando que “se todo mundo sair para a rua” e contrair o vírus faltarão equipamentos para atender pacientes de todas as classes sociais.
Mandetta explicou que a epidemia do novo coronavírus “é totalmente diferente da de H1N1” e destacou que naquela ocasião havia um medicamento que todo mundo tinha à mão. O ministro alertou que quem “raciocinar pensando nessa [H1N1] que foi assim vai errar feio”, afirmou.
“A conta [que deve ser feita] é: esse vírus ataca o sistema de saúde e ataca a sociedade como um todo, ataca logística, educação, economia. Uma série de setores do mundo”, disse o ministro. “Vamos ter que estudar muito esse vírus, esse inimigo no nosso meio [da saúde].”
O ministro informou que até segunda-feira entrará em contato com as secretarias estatuais e municipais de Saúde para confirmar o número exato de leitos de UTI disponíveis no Sistema Único de Saúde e na rede privada. E afirmou que estados que não repassarem informações poderão responder administrativamente.
“Não vamos tocar isso cada um olhando para o seu umbigo. O Brasil é uma nave só. Vamos ter que usar inteligência, pouca ação de reflexo.”
Mandetta afirmou ainda que o governo trabalha para construir um consenso com estados para garantir a logística de abastecimento de mercadorias e alimentos nas regiões mais carentes do país.
Mandetta fica no ministério
Sobre especulações de que poderia deixar o comando das atividades de enfrentamento à pandemia, o ministro afirmou: “Vou ficar aqui, junto com vocês, enquanto o presidente permitir e eu tiver saúde”. Mandetta disse ainda que o ministério foi equipado com um “quartinho” para que ele continue trabalhando caso tenha que ficar em quarentena sem necessidade de hospitalização.
“Vamos começar com essa equipe e terminar com essa equipe agregando gente todo dia”, afirmou. “Vamos trabalhar para poupar a vida de todo mundo, sabemos que vamos ter dias duros.”
Sem quarentena vertical
Na coletiva, o ministro também disse que “não existe quarentena vertical” no país. “O lockdown [fechamento total] pode acontecer em algum momento em algumas cidades, o que não existe um lockdown em todo o território brasileiro”, afirmou.
No fim da sexta-feira, o número de casos de coronavírus confirmados no Brasil era de 3.147, o que representava um aumento de 17,22% em relação ao dia anterior. Já as mortes somavam 92, alta de 19,4% sobre as 77 registradas na quinta-feira.
O primeiro caso confirmado da COVID-19 no país no dia 26 de fevereiro. O Ministério da Saúde afirma estar distribuindo 22,9 milhões de testes (comprados e doados) para diagnosticar a doença. Também liberou R$ 1 bilhão aos estados e municípios para o fortalecimento de ações no combate ao vírus.
BNC Brasil