GRANDE ILHA – Aberto na manhã desta sexta-feira, 13, o I Simpósio de Cuidados Paliativos do HU-UFMA reuniu profissionais, residentes e estudantes para debater o tema com renomados especialistas da área. Na programação do evento, palestras e oficinas enfocam temas relevantes sobre cuidados paliativos e dor, que envolvem subsídios básicos para atender às necessidades de profissionais, pacientes e familiares.
A superintendente Joyce Santos Lages considerou o simpósio como um momento muito rico. “É gratificante ver que o trabalho desenvolvido ao longo do tempo encontra entusiastas com sensibilidade e expertise para compartilhar conhecimento sobre o tema”. Ela ressaltou o empenho dos profissionais que se dedicam aos cuidados paliativos e o pioneirismo do serviço de neonatologia onde tudo começou. O HU-UFMA é o primeiro hospital geral de alta complexidade do Maranhão a contar com uma equipe de consultoria em cuidados paliativos e o terceiro no Norte e Nordeste, ao lado de hospitais de Fortaleza e Recife.
Vice-presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos, André Filipe Junqueira dos Santos, que atua no Instituto de Oncologia de Ribeirão Preto (InORP), abriu o simpósio fazendo um chamado. “Primeiramente, é preciso mudar a visão sobre o serviço de saúde, entender que vai muito além da visão curativa. É se dispor a trabalhar com a promoção da qualidade de vida e em alguns casos na melhoria da qualidade do fim da vida. A partir disso, acolher o desejo e os valores das pessoas e oferecer atenção plena em uma fase tão especial”.
O anestesiologista e professor da UFMA, João Batista Santos Garcia, ressalta o sentido do simpósio. “O Maranhão é um dos estados mais pobres do Brasil. Ainda assim conseguimos produzir conhecimentos e os nossos resultados vão além das expectativas. É a primeira vez que estamos todos juntos para discutir sobre cuidados paliativos. Educar e aliviar o sofrimento das pessoas é a nossa missão aqui no hospital. É o que nos inspira”.
Em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu pela primeira vez para 90 países o conceito e os princípios de cuidados paliativos, reconhecendo-os e recomendando-os. Tal definição foi inicialmente voltada para os portadores de câncer, preconizando-os na assistência integral a esses pacientes, visando os cuidados de final de vida.
Em 2002, o conceito foi revisto e ampliado, incluindo a assistência a outras doenças. Em 2004, um novo documento publicado pela OMS, The solid facts – Palliative Care, reitera a necessidade de incluir os cuidados paliativos como parte da assistência completa à saúde, no tratamento a todas as doenças crônicas, inclusive em programas de atenção aos idosos. O conceito atual da OMS amplia o horizonte de ação dos cuidados paliativos, podendo ser adaptado às realidades locais, aos recursos disponíveis e ao perfil epidemiológico dos grupos a serem atendidos.
Na atualidade, os cuidados paliativos são uma abordagem para a melhoria da qualidade de vida de pacientes e familiares que enfrentam uma doença ameaçadora da vida. A OMS classifica os países em quatro grupos, de acordo com seu nível de desenvolvimento em cuidados paliativos. Segundo os dados de 2014, o Brasil está incluído no terceiro nível, juntamente com Rússia, México, países do Sudeste Asiático, entre outros.
Durante o evento, será realizada ainda a segunda edição do Concurso Cultural de Fotografia “Flashes da Vida”, com o tema Paliativos (Cuidados; Conforto; Dignidade; Amor; Ortotanásia).
BNC Cidade