BRASÍLIA – O Ministério da Saúde anunciou nesta segunda-feira (17) antecipação da entrega do terceiro lote de vacinas da Pfizer contra a Covid para crianças de 5 a 11 anos.
O secretário-executivo da pasta, Rodrigo Cruz, afirmou nas redes sociais que no dia 24 de janeiro chega ao Brasil 1,8 milhão de doses pediátricas.
Esse lote estava previsto para ser recebido pelo governo no dia 27. No total, a Saúde prevê a entrega de 4,3 milhões de vacinas desse tipo em janeiro.
O primeiro lote desses imunizantes chegou ao Brasil na madrugada do dia 13, enquanto o segundo desembarcou no domingo (16).
A previsão é de que 7,3 milhões de vacinas pediátricas da Pfizer sejam entregues em fevereiro. Em março, a Pfizer prevê enviar outros 8,4 milhões de unidades.
Além desses 20 milhões de vacinas, o governo espera receber outros 10 milhões de doses da Pfizer para crianças no primeiro trimestre. Esse lote, porém, não tem cronograma de entrega definido pela farmacêutica.
As vacinas pediátricas da Pfizer são destinadas a crianças de 5 a 11 anos. A orientação do Ministério da Saúde é começar imunização por grupos com comorbidade, deficiência permanente, indígenas e quilombolas. Em seguida, as crianças que vivem com pessoas dos grupos de risco.
Depois disso, haverá um escalonamento por faixa etária, começando pelos mais velhos.
Umas das principais diferenças das vacinas para crianças daquelas que são aplicadas em adultos é a cor das tampas –enquanto as pediátricas são laranjas, as dos maiores de 12 anos são roxas.
O objetivo é facilitar a identificação pelas equipes de vacinação e pelos responsáveis que acompanharão os pequenos nos postos de saúde.
Outro ponto é a dosagem. Enquanto para os maiores de 12 anos as doses da Pfizer são de 0,3 ml, para os mais novos a dosagem é inferior, de 0,2 ml. Nos outros produtos aprovados para adultos, como Coronavac e AstraZeneca, a dose é de 0,5 ml.
A diretoria da Anvisa (Agência Nacional Nacional de Vigilância Sanitária) deve decidir nesta semana se libera o uso da Coronavac ao público de 3 a 17 anos.
Técnicos da agência trabalham para entregar pareceres sobre a vacina no começo da semana. Em cenário otimista, a ideia é reunir a cúpula do órgão para votar o pedido do Instituto Butantan na quarta-feira (19).
Integrantes da Anvisa afirmam que a tendência é liberar a aplicação da Coronavac em crianças e adolescentes, mas colocar algumas condições. Entre elas, que o laboratório paulista se comprometa a gerar dados sobre o uso das doses no Brasil, além de apresentar o desfecho de estudo global que está sendo conduzido na China, África do Sul, Chile, Malásia e Filipinas.
A vacinação de crianças e adolescentes é tema sensível no governo Jair Bolsonaro (PL), pois o mandatário distorce dados e desestimula a imunização dos mais jovens.
O presidente ainda é vetor de desinformação sobre a Coronavac, vacina impulsionada no Brasil pelo governador paulista João Doria (PSDB), inimigo político e potencial adversário do mandatário na disputa ao Planalto neste ano.
Bolsonaro chegou a ameaçar expor nomes de servidores da Anvisa que aprovaram o uso de vacinas da Pfizer em crianças. Em resposta, o presidente da agência, Barra Torres, disse ao jornal Folha de S.Paulo que as falas do chefe do Executivo estimulavam crimes de ameaça contra o órgão regulador.
Em nota divulgada no último dia 8, Barra Torres ainda rebateu insinuações de supostos interesses escusos da Anvisa na vacinação de crianças, e cobrou retratação do presidente.
BNC Brasil