GRANDE ILHA – Em razão de uma série de compromissos no Rio de Janeiro, onde passei alguns dias, não pude estar presente à cerimônia de reinauguração do Palacete Gentil Braga, sede do Departamento de Assuntos Culturais da Universidade Federal do Maranhão, cuja solenidade aconteceu no último dia 20.
A notícia da entrega daquele espaço, cuja reforma devolveu-lhe o esplendor dos bons tempos, me fez recordar os desafios que empreendemos quando exerci o cargo reitor da UFMA para que hoje essa realidade viesse a acontecer. Precisamente em 10 de fevereiro de 2015 assinávamos o contrato com a construtora ARCH Construções, responsável pelas obras que resgataram o Palacete da condição de abandono que se encontrava.
O desafio foi hercúleo: percorremos muitas instâncias, sensibilizando corações para a necessidade do investimento naquele que é, sem duvida, uma das mais belas expressões arquitetônicas de nossa cidade. A reforma do Palacete que, além dos espaços existentes, também passa a contar agora com um cineteatro que ganhou merecidamente o nome de Aldo Leite, em homenagem ao nosso grande ator e diretor teatral que nos deixou no ano passado. Ganha a Universidade Federal do Maranhão, mas sem dúvida, ganha a cidade e o estado que passam a dispor de um espaço nobre para o cultivo da arte em suas múltiplas manifestações. Papel relevante nessa conquista teve o IPHAN, através de Katia Bogea e Marcelo Itapary, pela sensibilidade no trato com esse grande monumento.
Tive a oportunidade de afirmar em outros textos, o papel que o Departamento de Assuntos Culturais, agora de volta ao seu verdadeiro lugar, representa para a UFMA. Ao longo de sua existência, tem marcado sua atuação com projetos grandiosos como o Festival Maranhense de Corais (FEMACO), o Guarnicê de Cine Vídeo além de exposições de arte, concursos de poesia e literatura, sempre no intuito de estimular a criatividade, despertar a sensibilidade e possibilitar ricos momentos de interação cultural para engrandecer corações e ouvidos atentos.
Tenho orgulho ainda de poder dizer que a preocupação com a valorização do patrimônio histórico e cultural da UFMA foram uma das tônicas de meu trabalho como servidor público que teve a oportunidade de dirigir a maior e melhor universidade pública no Maranhão. Dediquei especial atenção ainda ao prédio conhecido como Palácio das Lágrimas, entre a rua da Paz e a rua 13 de maio, no centro da cidade, que abrigou a faculdade de Odontologia e de Farmácia por mais de 50 anos, bem como o Palácio Cristo Rei, hoje um belíssimo museu; o Fórum Universitário, que abriga o Mestrado em Direito, e em fase final de recuperação para ser o Palácio das Ciências Jurídicas; e ainda o complexo da Fábrica Santa Amélia.
O poeta que dá nome ao Palacete com certeza ficaria feliz em ver de volta a casa onde morou o doce aroma do viver artístico. Afinal, para além da existência humana, conservar eventos tradicionais, motivar e criar novas experiências artísticas faz parte da condição de ultrapassar a perenidade. E nada mais revela com acurácia esse desafio do que a arte.
BNC Geral