
SÃO LUIS – – Durante o mês de conscientização sobre as hepatites virais, o Ministério da Saúde lançou a campanha nacional “Um teste pode mudar tudo”, com o objetivo de ampliar o acesso ao diagnóstico precoce e incentivar o tratamento das hepatites B e C.
O novo Boletim Epidemiológico da pasta revela importantes avanços no combate à doença no Brasil — e, em especial, no Maranhão.
Segundo os dados, entre 2014 e 2024, o Maranhão reduziu em 78% os óbitos por hepatite B, passando de 19 para 4 mortes. Já os óbitos por hepatite C caíram 20% no mesmo período, passando de 20 para 16.
Apesar das melhorias, os indicadores ainda apontam para a necessidade de ampliar a testagem e garantir adesão ao tratamento, sobretudo nos casos de hepatite B.
No cenário nacional, os números também são expressivos. Em uma década, o Brasil reduziu em 50% os óbitos por hepatite B, atingindo um coeficiente de 0,1 por 100 mil habitantes.
Para a hepatite C, a queda foi de 60%, com coeficiente atual de 0,4 óbito por 100 mil habitantes.
Esses resultados colocam o país mais próximo da meta da Organização Mundial da Saúde (OMS), que propõe reduzir em 65% as mortes por hepatites B e C até 2030.
Entre crianças menores de 10 anos, houve uma queda de 99,9% nos casos de hepatite A.
Também foram registradas reduções significativas na transmissão vertical (de mãe para filho) da hepatite B: queda de 55% na detecção em gestantes e 38% em crianças menores de cinco anos.
Somente em 2024, o Brasil registrou 11.166 casos de hepatite B e 19.343 casos de hepatite C.
MONITORAMENTO INÉDITO E TRATAMENTO NO MARANHÃO
O Ministério da Saúde também lançou uma plataforma inédita de monitoramento, que permite acompanhar, por estado e município, os dados sobre diagnóstico, início de tratamento e tempo de cuidado das hepatites B e C. A ferramenta segue modelo utilizado com sucesso no combate ao HIV.
De acordo com os dados consolidados de 2024, 115,3 mil pessoas foram indicadas para tratamento da hepatite B no país. Dessas, 58,8 mil iniciaram o tratamento, mas 14,8 mil interromperam. No Maranhão, 1.869 pessoas receberam a indicação para o tratamento e 657 iniciaram o acompanhamento.
Em relação à hepatite C, 12,5 mil pessoas foram indicadas para tratamento, das quais 9,1 mil iniciaram o cuidado. No Maranhão, foram 174 indicações e 128 pessoas tratadas.
Com a nova plataforma, a meta do Ministério da Saúde é dobrar o número de pessoas em tratamento contra hepatite B e atingir 80% de cobertura, conforme recomenda a OMS.
A iniciativa também ajudará os gestores locais a planejarem ações personalizadas, adequadas às realidades regionais.
TESTAGEM GRATUITA E TRATAMENTO EFICAZ
A campanha “Um teste pode mudar tudo” tem como foco a testagem gratuita nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Os exames podem ser rápidos ou laboratoriais, conforme indicação, e a recomendação é que pessoas com mais de 20 anos façam o teste ao menos uma vez.
O SUS disponibiliza gratuitamente os medicamentos para o tratamento da hepatite B, como alfapeginterferona, tenofovir desoproxila (TDF), entecavir e tenofovir alafenamida (TAF). Para hepatite C, os antivirais de ação direta (DAA) oferecem taxa de cura superior a 95%.
A vacinação segue como a principal forma de prevenção. A vacina contra hepatite A é aplicada em dose única aos 15 meses de idade e, para pessoas com condições clínicas especiais, há esquema de duas doses.
Já a vacina contra hepatite B segue o esquema de quatro doses para crianças e três doses para adultos não vacinados.
O Ministério da Saúde também reforça medidas complementares de prevenção, como o uso de preservativos, higiene das mãos e não compartilhamento de objetos perfurocortantes. Todos esses insumos estão disponíveis gratuitamente pelo SUS.
AVANÇOS NA VACINAÇÃO CONTRA HEPATITE A
A inclusão da vacina contra hepatite A no SUS, em 2014, trouxe queda expressiva nos casos da doença. O total passou de 6.261 em 2013 para 437 em 2021 — uma redução de 93% em todas as faixas etárias.
Entre crianças de até 5 anos, a queda foi ainda mais significativa: 97,3% entre menores de 5 anos e 99,1% na faixa entre 5 e 9 anos, de acordo com o comparativo de 2013 a 2023.
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