RIO DE JANEIRO – Faleceu neste sábado (8) a economista Maria da Conceição Tavares, aos 94 anos. Nascida em Portugal e naturalizada brasileira, foi professora e deputada federal com grande destaque para o pensamento desenvolvimentista. Teve passagens pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
Em nota oficial também reproduzida em suas redes, o presidente Lula lamentou e destacou o seu legado:
“Maria da Conceição de Almeida Tavares foi professora, deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores, economista e matemática, uma das maiores da nossa história. Nascida em Portugal, adotou o Brasil e nosso povo com o seu coração e paixão pelo debate público e pelas causas populares.
Foi uma economista que nunca esqueceu a política e a defesa de um desenvolvimento econômico com justiça social. Formou gerações de economistas na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Trabalhou no BNDES, em projetos importantes para a industrialização do nosso país e com a CEPAL em defesa do desenvolvimento da América Latina. Escreveu centenas de artigos e muitos livros.
Até hoje suas aulas são consultadas pelos jovens em vídeos na internet, pela sua fala sempre franca e direta. Tive o prazer e a honra de conviver e conversar muito com minha amiga ao longo dos anos, debatendo o Brasil e os nossos desafios sociais e econômicos no Instituto Cidadania, em conversas no Rio de Janeiro ou em viagens pelo Brasil. Nesse momento de despedida, meus sentimentos aos familiares, em especial aos filhos, aos muitos amigos, alunos e admiradores de Maria da Conceição Tavares.”
Repercussão
A presidenta nacional do PCdoB e ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, afirmou que a memória de Maria da Conceição Tavares viverá sempre nas várias gerações de economistas.
A ex-presidenta do Brasil e atual presidenta do banco dos BRICS, Dilma Rousseff, destacou que a economista “amou profundamente o Brasil e o povo brasileiro, tendo sido uma das grandes pensadoras sobre o destino do país, os rumos da nossa economia e os caminhos para o desenvolvimento com Justiça Social.”
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) disse que o Brasil perdeu uma das vozes mais potentes contra as falácias do liberalismo econômico.
A deputada federal Alice Portugal (PCdoB) diz que a professora deixa “um legado imensurável de luta pelos mais necessitados”.
Na mesma linha, a deputada federal Daiana Santos (PCdoB) coloca que Conceição Tavares deixa “um importante legado sobre justiça social e a luta contra a desigualdade”.
O deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) comenta que fica o “legado, inclusive de coragem para lutar”.
O deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB) fala que o pensamento da economista “é uma inspiração na luta por um país economicamente mais justo.”
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB) lembrou de célebres frases da intelectual: “Ninguém come PIB”, “economia que não se preocupa com o social não é economia”.
A presidenta do PT e deputada federal Gleise Hoffman destaca que ela “foi acima de tudo uma mulher corajosa, que colocou sua inteligência e conhecimento a serviço da transformação social de nosso país.”
O presidente do IBGE, Marcio Pochmann, ressalta que Tavares “foi uma das bases fundamentais da produção teórica-analítica e do ensino formativo de muitos alunos e orientandos, consolidando o pensamento desenvolvimentista latino-americano ancorado na UFRJ e Unicamp.”
O economista Paulo Nogueira Batista Jr., que chegou a ser aluno ouvinte da professora, gravou um depoimento sobre a sua importância e como eram as aulas.
O PCdoB emitiu uma nota de pesar em seu site, lamentando o falecimento. No texto é destacada a importância da intelectual para o Brasil:
“Intelectual e militante, combateu intensamente a ditadura militar no Brasil. Foi presa em 1974, onde passou 48 horas nos porões do DOI-Codi, no Rio. Foi exilada e viveu no Chile, período em que trabalho na Cepal. É autora de vários livros que destacam os desafios para o desenvolvimento nacional, analisando o processo de industrialização no país. A sua produção intelectual segue uma referência para o pensamento crítico, influenciando a luta pelo desenvolvimento e soberania nacional, em tempos de grande transformação econômica e social”.