PORTO ALEGRE- Que tal a ideia de um fundo de investimento à mídia alternativa? E se fundo fosse idealizado por um site de jornalismo cultural que também arrecada recursos para suas sustentabilidade? O site Nonada – Jornalismo Travessia resolveu compartilhar o que foi arrecadado na campanha do financiamento coletivo, realizada no ano passado, com o intuito de ajudar o portal a se manter e aumentar a rede de fortalecimento da mídia alternativa. A jornalista Thaís Seganfredo, que é editora do Nonada, lançou a ideia da criação do fundo, e o resto da equipe do site apoiou.
Segundo o editor-chefe do site Nonada – Jornalismo Travessia, Rafael Gloria, mídia alternativa é aquela que é desvinculada de uma grande organização. A ideia do projeto é dar espaço para projetos que estão começando e fomentar que há possibilidade de se fazer um jornalismo independente.
Ao invés de entregar o dinheiro para o veículo alternativo, o Nonada criou três vertentes para investir as doações. A primeira delas é a criação de eventos, como congressos, seminários, oficinas, a fim de debater a democratização da comunicação, a importância do jornalismo alternativo, entre outros assuntos. A segunda é a realização de concursos de reportagens que serão vinculadas ao site e em outros veículos alternativos. Por fim, o dinheiro será investido em um edital para que jornalistas e estudantes de Jornalismo invistam na criação de revistas, sites, jornais e outros mídias. Os eventos serão realizados sempre pelo Nonada em parceria com a mídia beneficiada pelo fundo.
Criado em 2010 com um conceito de que, para entender verdadeiramente o assunto, é preciso que o repórter vá a fundo no tema, o Nonada busca um olhar diferente para a cobertura cultural. Thaís conta que o Nonada procura sempre destacar eventos culturais comunitários, uma vez que o site tem uma forte identificação com a cultura popular brasileira. Não é realizada apenas a cobertura de eventos, filmes, teatros ou exposições, por exemplo. O objetivo é analisar os aspectos sociais. Segundo Thaís, existe uma reflexão de como as coisas retratam os problemas sociais.
No Rio Grande do Sul, não existem dados oficiais quanto à quantidade de veículos alternativos, o que Gloria considera um problema. Segundo ele, a mídia alterativa precisa se organizar em associações para se fortalecer ainda mais. E frisa também que deveria haver leis e editais de incentivo por parte dos governos. No Centro do País, o movimento de jornalismo alternativo vem crescendo, assim como a criação de financiamentos coletivos para manter estes veículos. No Estado, os financiamentos são menores, porém a tendência é que sejam cada vez mais comum os fundos de investimento. “O cenário do jornalismo independente é bem fértil, e já temos um bom número de veículos que cobrem diferentes áreas.
O jornal Jornalismo B, a Rádio Comunitária Voz do Morro, o jornal Boca de Rua e a TV Restinga na web estão entre os que circulam em território gaúcho. Thaís acredita que, quanto mais os veículos alternativos, mais fácil para os veículos se manterem relevantes.
De alguns anos para cá, o fortalecimento e, de certa forma, a articulação da mídia alternativa passou a ser uma vontade do coletivo. Thaís conta que o fundo é apenas mais umas das ideias do grupo, que inclui também a criação de cursos, como o de jornalismo alternativo, que foi lançado no ano passado e terá uma edição neste ano com bolsas para estudantes e professores da rede pública do Ensino Médio. Desta vez, o foco será em escrita criativa no jornalismo, e parte do que for arrecadado no curso será destinado ao fundo.
“Mídia alternativa é transformação social”, reflete Gloria. O fundo de investimento é destinado para qualquer tipo de mídia alternativa, desde que não tenha nenhum vínculo partidário nem seja patrocinado por grandes empresas. O Nonada aceita doações de pessoas físicas e instituições sem fins lucrativos. Para participar, é preciso entrar em contato com a equipe pelo e-mail nonada@nonada.com.br.
Com Informações do Jornal dos Correios
BNC Brasil