O ex-presidente Lula rechaçou mais uma ameaça feita por Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF). Desta vez, o presidente quer reproduzir o que foi feito na ditadura militar por meio do Ato Institucional nº 2, em 1965, quando aumentou o número de ministro da corte de 11 para 16. O objetivo era acabar com a independência dos magistrados, que são indicados pelo executivo.
Em reunião nesta segunda-feira (10), com diversas personalidades da sociedade, o ex-presidente afirmou que a democracia brasileira não vive um bom momento. Disse que Bolsonaro é um ser “negacionista da política”.
“Nós estamos enfrentando um cidadão que quer aumentar o número de ministros da Suprema Corte para ter o controle sob ela. Eu nunca indiquei ministros para me ajudar, e sim para que eles cumpram o papel do Supremo”, afirmou.
“Eu tive a sorte de indicar seis ministros e não indiquei amigo. Eles foram indicados para cumprir o papel da Suprema Corte, que está na Constituição”, completou.
Considerada uma das maiores ofensivas contra a democracia, Bolsonaro admitiu essa possibilidade antes cogitada pelo vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), recém-eleito senador.
“Não é só uma questão de aumentar o número de cadeiras na Suprema Corte. A gente tem que trabalhar em cima do que são as decisões monocráticas, temos que trabalhar em cima do que vem a ser um mandato para os mandatários da Suprema Corte”, defendeu Mourão em entrevista à GloboNews.
Bolsonaro não só prometeu tratar sobre o assunto, mas também chantageou os ministros. Disse que pode “descartar” a ideia se a corte “baixar a temperatura”.
“Se eu for reeleito, e o Supremo baixar um pouco a temperatura, já temos duas pessoas garantidas lá [Kassio Nunes Marques e André Mendonça], tem mais gente que é simpática à gente, mas já temos duas pessoas garantidas lá, que são pessoas que não dão voto com sangue nos olhos, tem mais duas vagas para o ano que vem, talvez você descarte essa sugestão”, afirmou ele a um canal do YouTube.
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