SÃO PAULO – Luiz Inácio Lula da Silva governou o Brasil durante dois mandatos. Deixou o cargo com 87% de aprovação, numa marca jamais alcançada por qualquer outro presidente. De acordo com a mais recente pesquisa Vox Populi, ele seria eleito para um terceiro mandato com 39% dos votos, mais do que a soma de todos os adversários.
Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, fez carreira na Dersa, a estatal que toca as obras viárias em São Paulo, estado que ostenta as tarifas de pedágio mais caras do mundo. Numa delas, o Rodoanel, acaba de ser apontado pelo Tribunal de Contas um superfaturamento de R$ 55 milhões.
A fama de Lula cruzou o mundo. Nos seus dois mandatos, o Brasil caminhava para ser a quinta economia mundial. O País era respeitado internacionalmente e até Barack Obama o chamava de “o cara”. Essa reputação permanece intocada. Na semana passada, alguns dos maiores intelectuais do mundo, numa lista que inclui Angela Davies, Thomas Piketty, Noam Chomsky e Tariq Ali, o classifica como “preso político”. Além disso, mais de 300 mil pessoas já assinaram uma petição para que ele se torne o primeiro brasileiro a receber o Prêmio Nobel – e justamente o mais importante, o da Paz.
A reputação de Paulo Preto é inversa. Sua fama vem da Suíça e das Bahamas, paraísos fiscais onde ele foi acusado de movimentar dezenas de milhões de reais, como operador de propinas do PSDB. O dinheiro foi rastreado por autoridades suíças e depois enviado para o Caribe. Praticante todos os delatores das grandes empreiteiras o acusaram de arrecadar para as campanhas dos senadores José Serra (PSDB-SP) e Aloysio Nunes (PSDB-SP), assim como do ex-governador Geraldo Alckmin.
Lula está preso há dois meses. Foi condenado a 12 anos e um mês de prisão por reformas num imóvel da OAS que nunca lhe pertenceu. O Brasil e o mundo já sabem que esta sentença serve a um único propósito: impedir que ele participe das eleições e, assim, impeça que riquezas nacionais, como o pré-sal, sejam entregues a grandes petroleiras internacionais.
Paulo Preto, por sua vez, está solto. Bastou que plantasse notas em colunas de jornais, ameaçando delatar seus chefes para que fosse solto. Na semana passada, foi preso pelo segunda vez, acusado de coagir testemunhas, mas o castigo durou apenas doze horas. Isso porque, no meio do caminho, havia um Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, sempre disposto a não cuidar das aparências. O mesmo Gilmar que, antes do golpe contra a presidente Dilma Rousseff, impediu que Lula se tornasse ministro da Casa Civil – o que o retiraria do tribunal de exceção montado em Curitiba.
Não se sabe por quanto tempo Lula ficará preso, mas já se pode dizer, praticamente com certeza, que Paulo Preto ficará solto para sempre. Lula serve ao povo brasileiro. Paulo Preto serve ao partido que liderou o “golpe com Supremo, com tudo”.
Fonte: Brasil247
BNC Política