GRANDE ILHA – O Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA), vinculado a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), realizou no ano passado 301 transplantes. Destes, 261 de córnea, 31 de rim e seis de tecido ósseo. Além de três de fígado, procedimento feito pela primeira vez em 2018, o que configura um marco na história do hospital.
Após o transplante de rim, Mayara Regina Silva dos Reis, 26, natural de São José de Ribamar, tem hoje uma rotina completamente diferente. Ela passou oito meses fazendo hemodiálise, em uma desgastante sessão de quatro horas durante três dias por semana. “A vida muda por completo. Só o fato de voltar a fazer as pequenas coisas já é uma grande conquista. Voltei a estudar, tirei minha carteira de motorista, voltei a fazer planos daquilo que achava que não seria mais capaz de fazer. A rotina em uma máquina de hemodiálise é muito cansativa, no dia das sessões saímos muito indispostos, sem força para mais nada. Agora a realidade é outra”.
O estudante Leonardo Oliveira, 24, natural de São Luís, passou a ver o mundo de outro ângulo após o transplante de córnea, em julho do ano passado. Diagnosticado com ceratocone no olho direito (enfermidade não inflamatória, que afeta a estrutura da córnea comprometendo a visão) sofria com o problema há doze anos. Ainda está em processo de evolução pós-cirurgia, mas enumera ganhos significativos no dia-a-dia. “Antes, apenas conseguia me orientar melhor por conta do olho esquerdo, após o procedimento já consigo andar à noite mais tranquilo, melhorou também minha visão de profundidade, antes tropeçava bastante, confundia os degraus. É uma conquista que tenho alcançado aos poucos, mas bastante animador”.
Além dos 261 transplantes de córneas realizados no Centro de Referência em Oftalmologia, em 2018, foram também disponibilizadas 12 córneas pelo Banco de Olhos do HU-UFMA para as demais clínicas credenciadas. O transplante é um procedimento que traz para o receptor uma grande melhoria na qualidade de vida. O Banco de Olhos do HU-UFMA zela pela qualidade dos tecidos transplantados, buscando acompanhar todas as etapas de doação, processamento e acondicionamento desses tecidos, para garantir a eficácia do processo. É o único no estado e por isso fornece também para outras instituições seguindo uma fila única.
O oftalmologista e chefe do Centro de Referência em Oftalmologia, Ezon Ferraz, diz que em 2018 o serviço conseguiu superar as expectativas. “Tivemos um crescimento de 100% nos últimos cinco anos. Isso nos deixa muito contente, pois é o reflexo de um trabalho em equipe, que envolve desde o médico, a equipe de enfermagem, o Banco de Olhos até a Central de Transplantes. Em 2019, pretendemos chegar aos 300 transplantes de córneas. Iremos trabalhar muito para conquistar essa meta, em nome de todos aqueles que precisam”.
A enfermeira chefe da Unidade de Transplante do HU-UFMA, Regina Cruz, reforça as conquistas e os grandes desafios para a área. “O transplante renal completou 18 anos em 2018 demostrando maturidade em todas as etapas do processo, tendo realizado até hoje, 615 transplantes no total. Os números de doação de córneas superou o ano de 2017 demostrando o excelente trabalho desenvolvido pela equipe do banco de Olhos, desde a busca por doadores até o fornecimento dos tecidos oculares para transplante. Os desafios continuam, entre eles, destacamos aumentar a taxa de doação de córnea para zerar a fila de espera, realizar o primeiro transplante cardíaco, além de aumentar o número de transplantes de rim e fígado em relação a 2018”.
A espera por um doador pode significar para muitos a melhoria da qualidade de vida e até a própria sobrevivência. Atualmente, aguardam na fila 472 pessoas para fazer transplante de córnea, 225 de rim e dois de fígado. Embora credenciado para o transplante de coração desde 2017, o HU-UFMA não realizou ainda nenhum procedimento do tipo e nem há paciente habilitado para a fila.
Sobre a Ebserh
Desde janeiro de 2013, o HU-UFMA é filiado à Ebserh, estatal vinculada ao Ministério da Educação que administra atualmente 40 hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.
O órgão, criado em dezembro de 2011, também é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações nas 50 unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh.
BNC Cidade