BRASÍLIA – Durante os quatro anos da trágica gestão do governo Bolsonaro o número de mortes por desnutrição entre os yanomamis cresceu 331% em relação aos quatro anos anteriores. A BBC Brasil chegou a estes valores por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Conforme aponta a reportagem, foram 177 mortes na etnia relacionadas a desnutrição durante o governo Bolsonaro (2019-2022). Os dados foram captados junto ao Ministério da Saúde e mostram que nos quatro anos imediatamente anteriores foram 41 mortes.
Os dados têm como base o registro feito no Distrito Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), que compila informações desde 2013. Foram contabilizadas oito mortes no primeiro ano e seis em 2014. Entre 2015 e 2018, governos Dilma Rousseff e Michel Temer, foram as 41 mortes comparadas por igual período do governo Bolsonaro.
Mortes de yanomamis por desnutrição sob Bolsonaro:
2019 – 36 mortes;
2020 – 40 mortes;
2021 – 60 mortes;
2022 – 41 mortes (números totais ainda podem ser maiores).
A desnutrição foi a segunda maior causa de mortes em 2022 no território, ficando atrás somente das mortes por pneumonia. Ambas as causas são ligadas às condições precárias em que vivem os yanomamis em decorrência do avanço do garimpo e da precariedade do atendimento de saúde que ocorreu sob o comando do ex-presidente que desmontou as políticas indigenistas.
A relação do garimpo com a desnutrição é direta, uma vez que os indígenas dependem da caça e pesca que ficam impossibilitadas pelo desmatamento e poluição dos cursos d’água. Nesse aspecto, as crianças e idosos são os principais atingidos, alerta a reportagem. Das 41 mortes registradas em 2021, 25 foram de pessoas com mais de 60 anos e 11 de crianças até nove anos.
O grave estado em que os indígenas se encontram fez com que o governo Lula decretasse estado de emergência de saúde pública no território yanomami.
BNC Brasil