BRASÍLIA – Questionado nesta terça (6), sobre a estratégia para aprovar a mudança nas aposentadorias ainda este ano, o futuro ministro da Economia afirmou: “O presidente tem os votos populares, e o Congresso, a capacidade de aprovar ou não. A bola está com eles. Prensa neles. Se você perguntar para o futuro ministro, ele está dizendo o seguinte: ‘prensa neles'” .
Após congressistas recomendarem “mais cuidado com as palavras” à equipe do presidente eleito, ele mesmo precisou minimizar o ocorrido. Para ele, a palavra mais correta para traduzir o que Guedes quis dizer não seria “prensa” e, sim, “convencimento”.
“Não tem prensa, né? O que acontece com alguns do meu lado é que não têm a vivência política. Eu, apesar de ter, quantas vezes, levo cascudo de vocês? Imagina quem não tem essa experiência? A palavra não é prensa, é convencimento”, declarou.
Segundo ele, há quem possa querer “interpretar de forma equivocada e levar para o outro lado”, mas “ninguém vai pressionar um parlamentar”. O senador Tasso Jereissati foi um dos que reagiu à fala inábil de Guedes. “O Congresso é soberano, independente e não tem prensa por aqui”, disse.
A declaração se soma à situação já delicada do futuro governo, que escolheu como articulador político Onyx Lorenzoni, que integrou a oposição à reforma da Previdência que agora terá que fazer ser aprovada.
Bolsonaro também comunicou, nesta quarta, que vai se empenhar para que seja votada a proposta de reforma “que for possível” ser aprovada no Congresso. “Obviamente é um desgaste votar a reforma e eu não vou me furtar desse compromisso. Virei candidato e sabia que teriamos muitos problemas pela frente. Não é só felicidade e lua de mel, o casamento começou bem antes da data marcada que é primeiro de janeiro “.
O presidente eleito afirmou que esta conversando com parlamentares envolvidos na discussão sobre a reforma da previdência e que sugeriram aprovar algumas medidas via lei ordinária ou complementar já este ano. Ele não detalhou, contudo,quais seriam estas medidas nem com quais parlamentares conversou.
Embora tenha repetido várias vezes durante a campanha que pretende acabar com privilégios, o futuro presidente sinalizou mais uma vez que tal corte não atingirá os militares, responsáveis pela maioria do alegado déficit da Previdência. De acordo com Bolsonaro, esta e outras carreiras têm suas especificidades.
No mesmo dia em que causaou descontentamento entre os parlamentares, Guedes também contradisse o próprio presidente eleito. Ele defendeu que “está fora de questão” renegociar a dívida brasileira. Mas, na véspera, em entrevista à TV Band, Bolsonaro havia dito que a dívida interna do Brasil não é impagável, mas precisaria ser renegociada.
Na ocasião, Bolsonaro delegou a missão ao próprio Guedes. Ele, por sua vez, externou mais uma vez o desencontro com o futuro chefe: “Está fora de questão renegociar dívida, está fora de questão. O que existe é preocupação com a dívida. Por isso, faremos reformas e faremos o que empresas fazem, vender ativos. Não é razoável o Brasil gastar US$ 100 bilhões por ano para pagar juros da dívida”, afirmou.
BNC Política