SÃO PAULO – A crise provocada pela pandemia de coronavírus alavancou a popularidade virtual dos governadores João Doria (PSDB-SP), Wilzon Witzel (PSC-RJ) e Flávio Dino (PC do B-MA), enquanto fez cair o índice em relação ao presidente Jair Bolsonaro.
Ainda assim, Bolsonaro segue disparado no chamado IPD (Índice de Popularidade Digital), medido pela consultoria de dados Quaest. O IPD compila informações do Twitter, Facebook, Instagram e, agora, em sua versão 2.0, também analisa YouTube, Google Trends e acessos a Wikipedia.
O IPD, que varia de 0 a 100, passou a ser medido diariamente, possibilitando a comparação dos políticos entre os dias 25 de fevereiro e 25 de março, quando o país sentiu os efeitos da pandemia.
No período, Bolsonaro caiu de 83,1 para 69,1 –queda de 16,8%. Em patamar abaixo do presidente, os governadores, porém, experimentaram altas proporcionais significativas. Doria cresceu 66,1%, Dino subiu 54,9% e Witzel, 39,6%.
O tucano foi de 10,55 a 17,52. Dino tinha 12,74 e alcançou 19,73. Já Witzel variou entre 9,76 e 13,62. Isso significa que os governadores despertaram mais interesse dos internautas.
Nesta semana, presidente e governadores travaram disputa sobre a melhor forma de combater o vírus, que culminou com bate-boca entre Doria e Bolsonaro na quarta(25).
Enquanto Bolsonaro defende o isolamento somente dos grupos de risco e pede o retorno das atividades produtivas na tentativa de minimizar o baque na economia, os governadores são a favor do isolamento social completo –medida sugerida por médicos e pesquisadores e adotada pelos países afetados.
Após pronunciamento na terça, em que chamou o coronavírus de “gripezinha” e defendeu abrandar o isolamento social, Bolsonaro foi criticado por governadores, políticos e especialistas em saúde.
Ferramenta do jornal Folha de S.Paulo mostra que, no Twitter, o presidente se isolou com a direita, enquanto centro e esquerda condenaram o seu discurso.
Em reação, os governadores se reuniram na quarta e mantiveram o isolamento social –exceto SC, MT e RO. Nessa ação, Doria ganhou protagonismo ao se opor a Bolsonaro.Felipe Nunes, CEO da Quaest e professor de ciência política da UFMG, diz que, apesar do expressivo capital político digital de Bolsonaro, adversários voltam a ter destaque.
“Isso é explicado pela maneira como os governadores estão reagindo e interagindo com Bolsonaro nas redes. Esses três atores estão se recuperando. Ainda estão longe, mas foram os que mais ganharam no período”, afirma.
Doria e Witzel, que se elegeram pegando carona nos votos de Bolsonaro, tinham a popularidade digital a reboque do presidente. E caíram nas redes ao romperem com o capitão.Agora, porém, quando Doria dá seu maior passo em oposição a Bolsonaro, chegando a dizer à CNN que se arrependeu do seu voto no capitão em 2018, o tucano cresce. “Antes esses governadores tinham destaque, mas por conta do presidente. Agora estão construindo um capital político independente”, diz Nunes.
Doria se destaca em volume de interesse, dimensão que mede buscas por informação no Google e na Wikipedia. O dado mostra que o governador paulista, que pretende ser candidato à Presidência em 2022, está nacionalizando seu nome.
Dino tem a mobilização como ponto forte. O governador do Maranhão se destaca como representante da esquerda.
Além de mobilização e interesse, o IPD mede presença digital (número de redes sociais ativas), fama (público total nas redes), engajamento (volume de reações e comentários ponderado pelo número de postagens nas redes) e valência (proporção de reações positivas e negativas).
Bolsonaro lidera o ranking do IPD, que considera interações nas redes feitas por robôs, mas, diz Nunes, não é isso que explica o sucesso. “Bolsonaro sempre pauta a conversa política do dia, gerando engajamento e mobilização que o colocam na dianteira. Ele é o centro das atenções.”
Fonte: Folhaexpress
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