BRASÍLIA – Um Toyota SW4 automático, ao preço de R$ 165 mil, e um Toyota Corolla de R$ 100 mil. Refeições em alguns dos restaurantes mais caros de Brasília, como Gero e Rubaiyat. Poltronas “presidente” ao custo unitário de mais de R$ 3.000. E um jardim de inverno de R$ 4.580, acompanhado de plantas ornamentais de R$ 1.540 cada uma.
Esses são alguns dos gastos e aquisições feitos no ano passado pelo PSL, partido que abrigou a vitoriosa campanha de Jair Bolsonaro e que, em razão disso, dormiu nanico em 2018 e acordou milionário em 2019.
De um fundo partidário irrigado com dinheiro público de menos de R$ 700 mil ao mês antes da filiação de Bolsonaro, no início de 2018, a sigla ingressou em 2019 com direito a uma cota mensal de cerca de R$ 9 milhões, crescimento de quase 1.200%. Com isso, multiplicou gastos e bens.
Entre os saltos, mudou a sede nacional, que deixou salas alugadas ao custo de cerca de R$ 6.500 ao mês para ingressar em um espaço de 368 metros quadrados em um dos prédios mais valorizados de Brasília, o Brasil 21, ao custo médio mensal de cerca de R$ 34 mil.
A nova casa do partido também foi toda reformada e mobiliada com armários, carpetes e cortinas novos, TVs de até 65 polegadas, computadores, mesas, cadeiras e quatro poltronas com preço unitário entre R$ 3.300 e R$ 3.600 -além de jardim de inverno e plantas ornamentais.
Esse último item decora a parte inferior de uma escadaria e outros pontos da nova sede, por onde foram espalhadas as quatro plantas artificiais de dois metros de altura.
A reportagem analisou mais de 6.500 páginas de documentos relativos ao uso que o PSL fez do fundo partidário de janeiro a setembro de 2019.
Pela lei, essa papelada só deveria ser entregue à Justiça Eleitoral e vir a público no fim de junho deste ano, mas, após Bolsonaro levantar suspeitas sobre o presidente da sigla, o deputado federal Luciano Bivar, de Pernambuco, o PSL decidiu se adiantar e colocar os documentos em sua página na internet.A reforma e a aquisição do mobiliário, de acordo com os papéis, custaram cerca de R$ 400 mil e transcorreram nos meses de março e abril.
Isso apesar de no início de fevereiro de 2019 o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ter aprovado acórdão determinando que obras e reformas em sedes partidárias alugadas “só poderão ser pagas com recursos do fundo partidário se forem estritamente necessárias à conservação do bem ou para evitar sua deterioração”.
Sete meses depois o Congresso aprovou a inclusão na Lei dos Partidos Políticos da previsão de uso da verba para reformas, mas sem especificar o tipo de obra permitido.
O fundo partidário é o dinheiro público distribuído entre os 33 partidos proporcionalmente ao desempenho deles na eleição para a Câmara dos Deputados.
Até a chegada de Bolsonaro, em março de 2018, a sigla comandada por Bivar era inexpressiva. Com a onda que elegeu o presidente, subiu de 8 para 52 deputados federais e passou a ter direito ao recebimento da maior fatia do fundo.
Rompido com Bivar, Bolsonaro se desfiliou em novembro do ano passado e tenta montar a Aliança pelo Brasil.
Fonte: Folhaexpress
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