GRANDE ILHA – História. Cultura. Arte. E acima de tudo, a religião. A edição do dia 28 de abril do Repórter Mirante trouxe uma interessante reportagem sobre as igrejas de São Luís, revelando aspectos curiosos sobre seu passado. Com o auxílio do padre e pesquisador João Dias Resende Filho, do historiador e turismólogo Antonio Noberto e do historiador e advogado Diogo Gualhardo, a repórter Regina Sousa enumera uma série de detalhes poucos conhecidos do grande público.
A repórter Regina Sousa revelou que a Igreja de Santo Antônio, por exemplo, construção de 1867, guarda consigo um outro patrimônio histórico, qual seja, a Capela de Bom Jesus dos Navegantes, construção que data do início do século 17. No local, sabe-se, a partir da reportagem, que se deu a construção do primeiro convento capuchinho e que há registro histórico do primeiro sepultamento de um europeu em solo maranhense, qual seja o Frei Ambrósio, que veio a São Luís acompanhando Daniel de La Touche. No púlpito dessa Capela, também foi proferido o mais famoso sermão do Padre Antônio Vieira, que recebeu o nome de Sermão aos Peixes.
Outro episódio interessante narrado no programa foi o da reconstrução da Igreja de São Joao Batista, em 1665, erguida como cumprimento de uma promessa surgida a partir de uma penitência para expiar uma culpa de um pecado; e o fato curioso de ter sido aquele santuário o local de depósito dos restos mortais daquele que passou para a história como um dos maiores traidores, qual seja, Joaquim Silvério dos Reis, que no Maranhão veio se refugiar.
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, única igreja de devoção dos negros que, impedidos de acompanhar a missa nas igrejas onde seus senhores brancos frequentavam, restou-lhes a construção de um lugar exclusivo. Ao seu lado, a Capela de Nossa Senhora da Anunciação e recolhimento de Nossa Senhora dos Remédios, construída em 1751, pelo Frei Gabriel Malagrida. O local abriga a imagem de Nossa Senhora das Missões e Nossa Senhora de La Guarda.
Já a Igreja de São Pantaleão – dedicada a São José – recebeu aquele nome por causa do senhor que a mandou construir, por nome Pantaleão, onde funcionou por muito tempo a roda dos expostos, onde eram colocados os filhos indesejados, abandonados por sua família, costume iniciado no Maranhão, em 1829. A Capela de São José das Laranjeiras é outra integrante do rico patrimônio artístico-histórico do Maranhão, construída em 1814 pelo Comendador José Gonçalves da Silva, conhecido como “O barateiro”, um dos homens mais ricos e influentes da época. Tratava-se de uma capela particular aberta ao público, onde se encontra sepultado o corpo do comendador que a construiu.
Acerca desse detalhe, interessante é saber que para além de lugar de devoção, algumas dessas centenárias igrejas abrigam os restos mortais daqueles que um dia integraram as famílias mais nobres de nosso Estado. São os chamados ossuários, sendo a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos a que conserva o maior cemitério sob o solo de um templo no Maranhão, fato constatado após a restauração pela qual o local passou. Também há, ao lado da Capela de Bom Jesus dos Navegantes, local que concentra num menor espaço o maior número de jazigos – mais de trezentos – e onde, inclusive, estão os restos mortais do historiador Barbosa de Godois, autor do Hino do Maranhão e onde se supõe que também esteja enterrada Dona Ana Jansen. Na Capela de Nossa Senhora da Anunciação e recolhimento de Nossa Senhora dos Remédios, o ossuário é denominado Sala dos Mortos, onde está enterrado Horácio Tribuzi, que pintou aquela igreja.
A reportagem trouxe para mim algumas reflexões acerca da necessidade que temos de preservar e valorizar nosso patrimônio, a exemplo do que já fizeram alguns países europeus que tornaram o turismo religioso fonte de geração de emprego e renda, sem nos esquecermos, no entanto, como afirmou o Padre João Dias Resende Filho, que a igreja é esse lugar encantador, onde as pessoas buscavam e ainda buscam a presença de Deus.
Natalino Salgado Filho
BNC Geral