
Veículos estrangeiros ressaltaram o caráter massivo dos atos, a rejeição popular à impunidade e a pressão sobre um Congresso de maioria conservadora que busca blindar a si mesmo e reabilitar o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe.
No Reino Unido, o Guardian destacou que “dezenas de milhares de brasileiros foram às ruas exigir que nenhuma anistia seja concedida ao ex-presidente Jair Bolsonaro após sua condenação por planejar um golpe”.
O jornal descreveu multidões em praças e praias das maiores cidades e registrou que, em Brasília, “milhares se reuniram perto dos prédios do Congresso e do Supremo Tribunal Federal que foram depredados por radicais de direita em 8 de janeiro de 2023”.
A Reuters sublinhou que foi “a mais forte manifestação da esquerda no país em anos” e lembrou que “a condenação de Bolsonaro e de seus co-conspiradores marcou a primeira vez em que o Brasil puniu oficiais militares por tentar derrubar a democracia, em uma história manchada por golpes violentos”.
A agência registrou ainda a estimativa de 40 mil manifestantes apenas na Avenida Paulista e avaliou que o ato “rivalizou com os recentes protestos da direita contra a sentença”, expondo a divisão do país.
Já a Al Jazeera, do Catar, ressaltou que os protestos ocorreram nos 26 estados e no Distrito Federal, depois que a Câmara aprovou uma emenda constitucional dificultando a responsabilização de parlamentares e acelerou a tramitação de uma anistia aos golpistas.

O canal destacou que “Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão em 11 de setembro por tentar permanecer no poder após perder a eleição de 2022” e que ele se tornou o primeiro ex-presidente latino-americano condenado por tentar reverter um resultado eleitoral.
Na Argentina, o diário Página 12 frisou que o lema central dos atos foi “Sem anistia” e que os protestos foram motivados pela “sentença histórica contra Bolsonaro”.
O jornal também destacou a aprovação do chamado “projeto de blindagem” e as críticas de Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça, que advertiu que a lei poderia “abrir as portas ao crime organizado no Parlamento”.

A publicação argentina ainda lembrou que Flávio Bolsonaro foi um dos principais promotores da anistia, defendendo-a como uma forma de “virar a página”.
A France 24 (AFP) enfatizou a indignação contra um Congresso acusado de “colocar seus próprios interesses acima dos problemas sociais e econômicos do país”.
A agência registrou os gritos de “Sem anistia!” em mais de uma dezena de cidades e trouxe a fala de uma manifestante em Brasília: “Estamos aqui para protestar contra este Congresso, que é composto por criminosos e corruptos vestidos de políticos, que estão empurrando uma lei que os protege”.
A France 24 destacou ainda a promessa de Lula de vetar a anistia e sua crítica de que o “Projeto de Blindagem” não era uma matéria séria para ocupar os parlamentares.
BNC Mundo