
BRASÍLIA – O presidente Lula celebrou nesta quarta-feira (13) a marca de 400 mercados internacionais abertos aos produtos do agronegócio brasileiro durante o seu atual mandato. A informação, confirmada pelo ministro Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), foi divulgada durante o ato de assinatura do Plano Brasil Soberano.
“Eu acabo de ser informado pelo Fávaro que, nesse momento em que eu estou chegando à tribuna, nós estamos fazendo 400 acordos em dois anos e meio de governo. Vendendo carne de boi e miúdo de boi para as Filipinas”, anunciou o presidente.
Na sequência, Lula apontou que continuará a buscar acordo com os Estados Unidos sobre o tarifaço de 50%, porém demonstrou com o anúncio que o Brasil está atento e buscando alternativas para os seus produtores, sejam do agro ou da indústria.
“Será assim, a gente vai continuar, através do (Geraldo) Alckmin, do (Fernando) Haddad, do Mauro (Vieira), do Fávaro, através de todos os ministros que têm setores com relações com Estados Unidos, vamos continuar teimando em negociação, porque gostamos de negociar”, disse Lula, ao ressaltar que não quer conflito com nenhum país e ainda busca diálogo com representantes de Donald Trump.
Com a abertura comercial das Filipinas para os cortes de carne bovina, o Brasil alcançou uma expressiva marca de novos mercados abertos aos produtos nacionais em um momento em que exportadores do país afetados pelo tarifaço buscam alternativas aos Estados Unidos para destino de sua produção.
A carne bovina é um dos alimentos penalizados com a tarifa de 50%. Assim, o esforço do governo em buscar alternativas já pode ter apresentado resultados – pelo menos foi o que o presidente quis demonstrar. Outro produto alimentício impactado é o café, que também poderá aportar em países asiáticos com o encarecimento do envio para os norte-americanos. A China já habilitou 183 novas empresas brasileiras para exportarem para o país.
Novos mercados
De acordo com Lula, ele manterá seu esforço para apresentar os produtos brasileiros ao mundo. Nesta semana disse ter conversado com Xi Jinping, presidente da China, sobre carne de frango brasileira. Dessa maneira, entende que se os norte-americanos não quiserem comprar os produtos brasileiros, devemos buscar alternativas.
“Vamos continuar vendendo e, se os Estados Unidos não querem comprar, vamos procurar outro país. Pode se preparar, Alban [presidente da Confederação Nacional da Indústria], porque eu vou para a Asean [Conferência da Associação de Nações do Sudeste Asiático] em outubro, para vender coisas do Brasil. Pode se preparar, que em janeiro eu já marquei com a Índia, vamos fazer um grande evento e eu quero levar pelo menos 500 empresários brasileiros para a Índia”, indicou Lula.
Em conversas com o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, Lula articula uma maior integração em resposta ao tarifaço. O país asiático, assim como o Brasil, deverá ser um dos mais atingidos pelas tarifas anunciadas por Donald Trump, que também quer impor à Índia uma tarifa de 50%.
Segundo Lula, o Brasil pode firmar negócios com o país de Modi com ênfase no setor de fármacos, defesa, aeroespacial e de inteligência artificial.
“Em vez de ficar chorando daquilo que nós perdemos, vamos procurar ganhar outros lugares. O mundo é grande, o mundo está ávido para fazer negociação com o Brasil. Todo mundo sabe que nós somos do bem e que não queremos brigar com ninguém, que aceitamos concessões, mas a gente não merecia isso. E o que é grave é que não foi só conosco. Muita gente dizia que a Índia é muito pró-americano e eles taxaram em 50%. Olha, o que leva a isso, eu posso dizer para vocês que não é comercial”, acusa Lula, que entende a postura da Casa Branca como uma tentativa de enfraquecer o multilateralismo internacional.
BNC Economia