SÃO LUIS – A paralisação dos rodoviários da empresa 1001 chegou ao terceiro dia consecutivo nesta sexta-feira (26), agravando ainda mais a crise no transporte público de São Luís. O cenário ficou mais tenso após a Prefeitura bloquear integralmente o repasse do subsídio tarifário referente ao mês de novembro de 2025 ao Consórcio Via SL, responsável pela operação da empresa.
A decisão foi tomada depois da interrupção total da frota entre os dias 14 e 25 do mês passado. De acordo com análise técnica da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), a paralisação obrigou o município a adotar medidas emergenciais para garantir a mobilidade urbana, incluindo a contratação de transporte por aplicativo. Com isso, o valor aproximado de R$ 548 mil que seria destinado ao consórcio foi totalmente compensado.
Mesmo após o bloqueio e atrasos nos repasses, os rodoviários voltaram a cruzar os braços desde a última quarta-feira (24). A categoria alega falta de pagamento do 13º salário, do adiantamento salarial e do tíquete-alimentação. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Maranhão (Sttrema), nenhum ônibus da 1001 saiu da garagem, mantendo 162 veículos fora de circulação — cerca de 30% da frota que atende a capital.
Os impactos da greve são sentidos diariamente nos terminais de integração, como o da Cohab, onde usuários enfrentam superlotação, longas filas e grandes intervalos entre os ônibus. Bairros como Ribeira, Tibiri, Cohatrac, Parque Vitória, Alto do Turu, Vila Esperança, Ipem Turu, além de áreas da região Itaqui-Bacanga e da zona rural próxima à capital, estão entre os mais prejudicados.
Além do bloqueio ao Consórcio Via SL, a Prefeitura também reduziu o repasse global do subsídio do transporte coletivo. Embora o valor total previsto ultrapassasse R$ 6 milhões, os pagamentos foram feitos com descontos após a administração municipal apontar falhas operacionais em diferentes consórcios. Grupos como Central, Upaon-Açu e Primor também tiveram valores cortados, sob a justificativa de ajustes financeiros e correção de irregularidades.
A medida ocorre em um momento jurídico sensível. Recentemente, parte da legislação municipal que autorizava o uso de recursos públicos para custear transporte por aplicativo teve seus efeitos suspensos por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em nota, a Prefeitura de São Luís afirmou que mantém os pagamentos do subsídio dentro das regras estabelecidas e garantiu não haver pendências financeiras com as empresas concessionárias. A gestão municipal ressaltou ainda que questões trabalhistas são de responsabilidade exclusiva das operadoras do sistema e dos sindicatos.
Por outro lado, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET) contestou a decisão e classificou os cortes como ilegais. Segundo a entidade, a redução dos repasses desrespeita decisões judiciais anteriores, compromete o equilíbrio econômico-financeiro do sistema e pode provocar novas paralisações, ampliando os prejuízos para a população usuária do transporte público da capital.
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