
BRASÍLIA – Em setembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma variação de 0,48%, abaixo das projeções de analistas, que esperavam 0,55%. Para André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre, esse resultado traz boas perspectivas para o controle da inflação nos próximos meses.
Em entrevista ao jornal O Globo, Braz destacou que o dado reforça a possibilidade de a inflação fechar o ano dentro do teto da meta, com um índice de cerca de 4,5%. A inflação acumulada em 12 meses também apresentou uma leve alta, chegando a 5,17%, o que é atribuído principalmente ao fim do bônus de Itaipu, que impactou o setor de energia.
Braz apontou, no entanto, que a tendência é de desaceleração da inflação nos próximos meses. “A boa notícia está, de fato, no comportamento dos alimentos, que mais uma vez registraram queda, principalmente os itens para consumo no domicílio, justamente os que mais afetam o custo de vida das famílias de baixa renda”, afirmou. A alimentação, um dos segmentos mais sensíveis ao bolso da população, teve uma queda de 0,26%, e a deflação na alimentação no domicílio foi ainda mais expressiva, com recuo de 0,41%.
A redução no custo dos alimentos, de acordo com Braz, pode continuar nos próximos meses. “Não há, no momento, nenhum desafio climático à vista — como El Niño ou La Niña — que possa alterar o ciclo e a distribuição das chuvas. As safras devem continuar boas, o que garante uma oferta maior de alimentos e espaço para continuidade na queda de preços”, explicou. Outro fator que tem ajudado na queda dos preços é a valorização do real frente ao dólar, que tem um impacto direto no preço dos produtos alimentícios.
Além disso, o economista também destacou que a retomada das relações comerciais do Brasil com os Estados Unidos e a abertura de novos mercados podem, no entanto, reduzir o impacto da queda de preços no mercado interno. “O Brasil, ao estabelecer novas relações comerciais, tira do mercado interno parte do excedente que vinha sendo redirecionado para o consumo doméstico. Isso diminui a oferta interna e pode atenuar as quedas de preços dos alimentos”, afirmou. Mesmo com esse possível impacto, Braz ressaltou que a recuperação da balança comercial é crucial para a estabilidade da moeda e, consequentemente, para a inflação.
Com informações do O Globo
BNC Economia