
SÃO PAULO – Em entrevista concedida ao ICL Notícias – 1ª Edição, nesta segunda-feira (6), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que a intoxicação por metanol registrada em vários estados brasileiros é, segundo as evidências identificadas pela polícia, resultado de adulteração pós-produção, ou seja, o contaminante foi adicionado às bebidas depois do engarrafamento.
“A polícia trabalha com várias hipóteses, mas todas as evidências já identificadas apontam para algo que foi alterado depois da produção”, disse o ministro. “Por isso, queremos sensibilizar também os comerciantes: chequem a origem do produto, e se tiverem dúvidas, procurem o Ministério da Agricultura ou o 0800 da Anvisa.”
Padilha reforçou que o episódio é “anormal” e que o governo federal está atuando para garantir antídotos, orientar profissionais de saúde e apoiar investigações policiais.
“A gente percebeu que tinha alguma coisa diferente acontecendo quando, no mês de setembro, vimos esse aumento de casos notificados em São Paulo, que a gente juntava agosto e setembro, concentrado no estado de São Paulo, e dava mais ou menos a mesma quantidade que a gente registra o ano todo em todos os países da Federação nos últimos anos da nossa série histórica, em torno de 20 situações de notificação”, disse Padilha.
Segundo Padilha, o Brasil registra 225 notificações de suspeita de intoxicação, sendo 16 casos confirmados — 14 em São Paulo e dois no Paraná, a atualização desses números é de domingo, as 16 horas
“Nós temos um fluxo de atualização que fecha todo dia às 16 horas, então esses dados de 225 notificações entre suspeitos e confirmados é de ontem (5) às 16 horas. O que nós tivemos de evolução de sábado para domingo? Eram 14, e foram para 16 casos confirmados, e nós tivemos 25 casos que foram descartados, então tivemos um aumento até maior de casos descartados do que dos confirmados” confirmou o ministro.
A maioria dos registros, 192, está concentrada no estado paulista. Casos inicialmente suspeitos na Bahia e no Espírito Santo foram descartados após exames laboratoriais.
Sistema de saúde em alerta
O ministro destacou que o Sistema Único de Saúde (SUS) foi acionado em todo o país e está preparado para lidar com os casos. O governo já garantiu o fornecimento dos antídotos, entre eles o etanol farmacêutico e o fomepizol, que deve chegar ao Brasil nesta semana.
“Nós já tínhamos o etanol farmacêutico no país e reforçamos a produção com mais 12 mil ampolas. Também adquirimos 2.500 unidades de fomepizol, um antídoto tão eficaz quanto o etanol, recomendado por especialistas internacionais”, explicou Padilha.
“Assim que o produto chegar, será distribuído aos 32 centros de referência em toxicologia espalhados pelo país. Todo estado tem um”
Padilha ressaltou que o fomepizol age diretamente na enzima que metaboliza o metanol, reduzindo a formação do ácido fórmico, substância responsável pelos danos neurológicos e visuais nas vítimas. Já o etanol farmacêutico compete com o metanol no fígado, impedindo que o corpo metabolize o contaminante de forma tóxica.
Sintomas e orientação à população
O ministro pediu que qualquer pessoa que tenha ingerido bebidas alcoólicas e apresente sintomas graves procure imediatamente uma unidade de saúde.
“Os sintomas de intoxicação por metanol aparecem entre 12 e 24 horas após o consumo. A dor abdominal é em cólica e mais intensa, há náusea, vômito e alterações visuais. Diferente da ressaca, esses sintomas não desaparecem com o tempo — eles pioram”, alertou.
Padilha também recomendou evitar o consumo de destilados com tampa de rosca e de procedência duvidosa.
“Estamos falando de um produto de lazer, não de um item da cesta básica. Enquanto tudo não estiver esclarecido, o melhor é não consumir esses destilados.”
Notificação e investigação
Padilha reforçou a importância da notificação imediata pelos profissionais de saúde sempre que houver suspeita de intoxicação.
“O profissional deve registrar o caso e informar o local onde a bebida foi consumida. A partir daí, o CIEVS — que é a coordenação estadual de vigilância — aciona a Polícia Civil e a Polícia Federal para investigar a origem do produto.”
O ministro ainda orientou comerciantes a redobrarem a atenção, e triplicar com destilados.
“O lacre das garrafas é feito em papel moeda e contém numeração rastreável. Se houver dúvida, o comerciante pode consultar o site do Ministério da Agricultura ou ligar para o 0800 da Anvisa, que está disponível 24 horas por dia.”
Ligação de emergência
Caso seja necessário, tanto para a população tirar dúvidas ou o comerciante checar informações, o número da Anvisa é 0800 642 9782