GRANDE ILHA – Especialistas reconhecem que a insuficiência em vitamina D pode estar associada há vários problemas de saúde: hipertensão, diabetes, tumores, doenças neurológicas e múltiplas. Produzida a partir de um precursor na pele, por meio da transmissão dos raios ultravioletas, essa reação passa pelo fígado, rins e gera um hormônio receptor nos sistemas orgânicos. Estudos mostram que indivíduos com prevalência baixa de ‘VD’, estão sujeitos a essas complicações em grande parcela.
Nesse sentido, pesquisadores do Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA), a partir do projeto ‘PREVRENAL’ liderado pelo Prof. Dr. Natalino Salgado, analisaram comunidades quilombolas de Alcântara que tinham fatores de risco. Haviam 1.500 pessoas, destas, apenas 400 foram destacadas para os exames. Os pacientes foram encaminhados ao HU-UFMA para realizarem os procedimentos de imagem (tomografia de abdômen, exames cardiológicos e de carótida).
O Dr. Francisco das Chagas Monteiro Junior, um dos pesquisadores, explica que o exame de carótida serve de parâmetro para o diagnóstico de aterosclerose inicial. “Esse processo não invasivo, chamado de marcador subclínico de aterosclerose, auxilia na avaliação do funcionamento dos remédios. Para tal diagnóstico, fazemos uma correlação entre o fator e a espessura legitimal de carótida”, ressalta.
A aterosclerose consiste no depósito de placas de gordura e cálcio no interior das artérias que dificultam a circulação sanguínea nos órgãos e podem mesmo chegar a impedi-la. O resultado dos exames dos quilombolas demonstrou que apesar da pele negra (fator determinante na diminuição de vitamina D), os níveis de hormônio encontrados estavam acima da média, ou seja, saudáveis. Dessa forma, não foi possível encontrar associação entre hipovitaminose e aterosclerose. Por outro lado, a análise de estudo conseguiu chegar a relação entre vitamina D e albuminúria – marcador de lesão endotelial, precursor da aterosclerose.
A pesquisa, intitulada “Correlation between serum 25-hydroxyvitamin D levels and carotid intima-media thickness in a Brazilian population descended from African slaves” foi tema da tese de doutorado da Natália Ribeiro Mandarino, professora ligada ao Núcleo de Pesquisa da Nefrologia do HU-UFMA, e publicada em duas revistas de renome de Inovação Tecnológica e Científica – The Open Cardiovascular Medicine Journal e a Brazilian Journal of Medical and Biological Research. A primeira está vinculada a companhia BENTHAM Open, responsável pela publicação de vários periódicos de acesso aberto com revisão por pares. Esses diários on-line gratuitos abrangem todas as principais disciplinas da ciência, medicina, tecnologia e ciências sociais.
Como conclusão deste trabalho, os autores destacam que a vitamina D parece desempenhar um papel importante na saúde cardiovascular. Evidências sugerem que os efeitos no sistema cardiovascular podem ser decorrentes de ações indiretas, via modulação de fatores de risco conhecidos e ações diretas em células cardíacas e vasculares. O Dr. Francisco faz um alerta: “Nossa sociedade é bastante urbanizada, muitos estão ocupados em seus trabalhos, até as crianças custam a brincar nas ruas. A carência de vitamina D é decorrente disso também, precisamos reservar pelo menos 10 minutos do nosso tempo para uma caminhada ao ar livre”.
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